Dois contos de horror arrepiantes e inteligentes para ler antes do Halloween
Celebrada no último dia de outubro, a data é reservada para histórias sobrenaturais que podem, também, refletir sinas do mundo real
Com menos de uma semana para o Dia das Bruxas, o Halloween, os mais dedicados fãs da literatura macabra podem ainda ler algum dos vários romances que a compõem — os mais atarefados, por outro lado, não precisam espremer um calhamaço inteiro nos poucos dias que restam na temporada de doçuras e travessuras. A todo ano, afinal, a lista de contos de horror apenas aumenta, dos clássicos de Edgar Allan Poe a expoentes contemporâneos que hoje chegam às prateleiras em diversas coletâneas. A editora Companhia das Letras, por exemplo, trouxe duas ao Brasil em 2024: Quem Vai Te Ouvir Gritar: Uma antologia de horror negro e O Dia Escuro, focado na produção de autoras brasileiras. Delas, dois contos breves e arrepiantes foram disponibilizados a VEJA:
Olho Imprudente, de N. K. Jeminsin
Livro: Quem Vai Te Ouvir Gritar, de vários autores (vários tradutores; Suma; 328 págs.; 84,90 reais e 39,90 em e-book)
Organizada por John Joseph Adams e pelo cineasta Jordan Peele, de Corra!, Nós e Não! Não Olhe!, a obra agrega histórias de 20 escritores, todos representantes da vertente do gênero voltada a reinterpretar as vivências da população negra como tramas fantásticas. Em Olho Imprudente — a primeira delas —, a americana N. K. Jeminsin acompanha o policial negro Carl Billings, adepto ao costume antiético de agredir as pessoas que intercepta em patrulhas rodoviárias. O personagem entra em espiral quando um supervisor branco passa a vigiá-lo de perto e um vídeo de uma de suas paradas viraliza. Ao mesmo tempo, é atormentado por visões de olhos. Em entrevista ao New York Times, a autora explicou a fascinação: “O olhar negro é a perspectiva daqueles que estão sempre sob vigilância, de quem os próprios olhos podem ser fatais após encarar alguém do jeito errado. Muitos de nós morremos assim”.
Chorona, de Natércia Pontes
Livro: O Dia Escuro, de várias autoras (Companhia das Letras; 232 páginas; 79,90 reais e 39,90 em e-book)
Também composta por 20 textos, esta coletânea organizada por Fabiane Secches e Socorro Acioli foca na experiência das mulheres em sociedade — à moda de recentes sucessos do gênero no cinema como A Substância e Pisque Duas Vezes. Em Chorona, a cearense Natércia Pontes narra o diálogo interno de uma mãe que se afunda em pensamentos intrusivos após ouvir, por acaso, a canção mexicana La Lllorona, inspirada na história de uma mulher que teria matado os filhos para se vingar de um adultério. Atormentada pela ideia, a protagonista passa a relembrar outras infanticidas da ficção, como Medeia e Maria Farrar, de Bertolt Brecht. Quanto mais pensa no assunto, porém, mais revela sobre seu sinistro subconsciente.
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