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Donos de bares e casas noturnas reclamam de critérios para abertura em SP

Governador do estado, João Doria flexibilizou restrição de horário e ocupação dentro dos estabelecimentos; medidas valem a partir de 1º de agosto

Por Felipe Mendes Atualizado em 28 jul 2021, 19h44 - Publicado em 28 jul 2021, 19h43
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  • O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou, na tarde desta quarta-feira, 28, o fim das restrições de horário e ocupação de clientes ao comércio — protocolos como o uso de máscaras e álcool em gel ainda são indispensáveis. As novas orientações para jornada já entram em vigor no dia 1º de agosto, enquanto a liberação total para os estabelecimentos valerá a partir do dia 17 do próximo mês — a taxa de ocupação permitida hoje é de 60%, mas será de 80% a partir de 1º de agosto. Desde o início da pandemia, o governo do estado tem adotado critérios específicos, como a taxa de ocupação de leitos de UTI e o número de casos de Covid-19, para definir o funcionamento dos segmentos do comércio. Donos de bares, restaurantes e casas noturnas, no entanto, ainda reclamam da falta de clareza em relação aos critérios utilizados para o horário de funcionamento dos estabelecimentos. Entre os empresários, paira o sentimento de que alguns setores foram ‘vilanizados’.

    Para Edgard Radesca, dono do espaço Bourbon Street, que funciona como casa de jazz e restaurante, a flexibilização é positiva, mas um tanto demorada. “Eu acho que a nova medida é favorável, mas poderia ter sido feita antes”, afirma. “O horário de funcionamento não é o que vai definir a contaminação ou não do cliente. É melhor, inclusive, que ele fique no restaurante, que é um ambiente protegido, do que saia em determinado horário e acabe parando em um bar clandestino, posto de gasolina ou balada ilegal”, reitera. A casa teve perda de cerca de 70% de seu volume de clientes e faturamento em relação ao que registrava antes da pandemia. Com a flexibilização, ele afirma que poderá intensificar a abertura às sextas-feiras. “Estamos fazendo alguns testes”.

    O argentino Facundo Guerra, CEO do Grupo Vegas, é outro que admite não entender os critérios adotados para a flexibilização do Plano São Paulo, usado pelo governo para determinar o funcionamento dos diferentes segmentos de comércio e serviços no estado. “Eu não entendo os motivos dessa limitação ao funcionamento à noite. Não há uma justificativa técnica por trás disso”, diz ele, que é dono do Bar dos Arcos e um dos responsáveis pela revitalização do Mirante 9 de Julho, espaço tradicional da cultura paulistana. “Eu imagino que os técnicos talvez pensem que se as pessoas se alcoolizarem demais, elas acabam ficando mais displicentes ou menos cuidadosas. Pela minha experiência como dono de bar, se alguém está a fim de ‘encher a cara’, o horário não será um impeditivo”. O Grupo Vegas ainda é dono de casas noturnas como Lions Nightclub, Yacht e Cine Joia, que só voltarão à cena quando a taxa de vacinação no estado chegar a 100% dos habitantes. “A gente não está em um momento de celebração. Não há justificativa moral para abertura de boates e casas de show neste momento.”

    A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, a Abrasel, contabiliza pelo menos 335 mil estabelecimentos fechados no setor. Cerca de 50 mil unidades foram encerradas no estado de São Paulo, enquanto 12 mil bares e restaurantes fecharam as portas na capital paulista. Para Paulo Solmucci, presidente nacional da entidade, a restrição de horário, que irá perdurar até o dia 16 de agosto, trata-se de “um conservadorismo sem o menor sentido e que só traz prejuízos ao setor”. “O que nos preocupa é que 56% das empresas estão com prejuízos por conta dessas restrições. Isso tem trazido riscos para a continuidade dos negócios”, alerta.

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