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Os motivos por trás da alta da inflação dos alimentos e qual o tamanho da culpa do governo

Nos últimos cinco anos, o preço da alimentação no domicílio subiu 55%, bem acima da inflação geral do período, que ficou em 33%, explica André Braz, do FGV IBRE

Por Camila Pati Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 17 fev 2025, 12h26 - Publicado em 17 fev 2025, 09h55

Uma das causas mais diretas para a queda na popularidade do presidente Lula, a inflação dos alimentos vem sendo impulsionada há anos por uma série de fatores. Nos últimos cinco anos, o preço da alimentação no domicílio subiu 55%, bem acima da inflação geral do período, que ficou em 33%, segundo o IPCA, do IBGE.

Segundo o economista André Braz, coordenador de índices de preços do FGV IBRE, esse descompasso explica o aperto financeiro das famílias brasileiras na hora de ir ao supermercados. “Se os salários são corrigidos pela inflação média, eles subiram 33%, enquanto a alimentação aumentou 55%.” Ou seja, não é um problema que começou agora, e isso explica bastante a angústia da população com o peso da alimentação no orçamento.

Ele explica que o aumento nos preços começou a se intensificar em 2020. A pandemia desorganizou cadeias produtivas, limitou o escoamento da produção e fez com que o aumento do consumo dentro de casa pressionasse os preços. “A alimentação respondeu por uma parcela importante da inflação daquele ano”, diz.

No ano seguinte, a crise hídrica prejudicou as safras e encareceu a energia, mantendo a pressão inflacionária sobre os alimentos. Em 2022, a guerra entre Rússia e Ucrânia agravou problemas de abastecimento e causou a elevação de custos.

Embora 2023 tenha trazido uma leve queda nos preços dos alimentos, a redução foi mínima frente ao acúmulo dos anos anteriores. Já em 2024, uma “tempestade perfeita” voltou a pressionar os custos, diz Braz. “Tivemos El Niño no início do ano, chuvas fortes no Sul, La Niña com estiagem prejudicando safras como a de café, desvalorização cambial forte no ano passado e desemprego baixo, o que é bom, mas aumenta a demanda e cria pressão inflacionária.”

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O que entra na conta do governo

Boa parte dessas causas foge ao controle de qualquer governo, mas algumas medidas poderiam ter sido tomadas para conter a alta dos alimentos. “A guerra entre Rússia e Ucrânia, problemas climáticos, pandemia, não têm o que fazer. Mas o câmbio que afetou a alimentação no ano passado, esse está na conta dos governos.” 

Para ele, uma política fiscal equilibrada reduziria a volatilidade cambial e atenuaria os impactos inflacionários. “Se você promove estabilidade fiscal, diminui a necessidade de uma política monetária muito austera, cria uma estabilidade maior na taxa de câmbio e evita que a moeda desvalorizada encareça os alimentos.”

Como diminuir o efeito da inflação dos alimentos

As ações estruturais para mitigar o impacto da inflação alimentar passam por desenvolvimento de sementes mais resistentes a mudanças climáticas, ampliação da capacidade de armazenamento agrícola para reduzir perdas, incentivo ao transporte ferroviário e hidroviário para baratear o escoamento da produção e fortalecimento do apoio a pequenos produtores com crédito acessível.

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“A gente sabe que culturas importantes como a de leite e de feijão estão na conta de pequenos  produtores, e dando crédito para eles se equiparem melhor, porque é uma mão de obra muito intensiva,  se defenderem melhor de problemas climáticos”, diz.

Medidas comerciais também poderiam contribuir para que as famílias de renda baixa, que gastam uma grande parcela do orçamento com comida, tenham melhores condições de vida . “Negociar taxas de importação e exportação e fortalecer relações com parceiros comerciais reforça a possibilidade de conseguirmos alimentos mais baratos.”

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