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Haddad nega planos de usar espaço fiscal para baixar o preço dos alimentos

Ministro atribuiu boatos a pessoas descontentes com a queda do dólar. Lula fará reunião com ministros nesta sexta para debater ideias para baratear mantimentos

Por Márcio Juliboni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 jan 2025, 22h35 - Publicado em 23 jan 2025, 19h06

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, negou que o governo pretenda relaxar a política fiscal para baixar o preço dos alimentos. “Ninguém está pensando em utilizar espaço fiscal para esse tipo de coisa”, afirmou a jornalistas na portaria do ministério na tarde desta quinta-feira, 23. “Não tem nada disso no horizonte. Absolutamente nada disso”, insistiu.

Segundo Haddad, o boato de que o governo poderia sacrificar o ajuste fiscal para baratear os alimentos foi plantado por operadores de mercado descontentes com a queda do dólar nos últimos dias. “A pessoa que está comprada em dólar fica chateada que o dólar está caindo e faz uma boataria de que vão usar o espaço fiscal, vão criar uma coisa”, disse. “Não tem nada disso no nosso horizonte”.

O termo usado pelo ministro – “pessoa que está comprada em dólar” – refere-se a investidores que possuem derivativos de câmbio com que apostam na alta da moeda americana para lucrar. A desconfiança generalizada de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não se preocupa seriamente com o controle das contas públicas foi um dos principais fatores que impulsionaram a disparada de 27% do dólar no ano passado.

De acordo com Haddad, parte da queda dos preços dos mantimentos virá de um cenário econômico mais favorável. O ministro observou que o próprio recuo do câmbio alivia a pressão, já que alimentos como café, leite, carnes e frutas são commodities agrícolas, isto é, têm seu preço fixado em dólar pelo mercado internacional, já que são bastante exportados. “Na hora que o dólar começa a se acomodar, vai afetar favoravelmente os preços também.” Outro elemento que deve ajudar é a safra recorde prevista para 2025.

A única proposta em que o governo está trabalhando neste momento, segundo o ministro, é a melhoria do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT). Criado em 1976, seu objetivo é incentivar as empresas a fornecer alimentação a seus funcionários, com foco sobretudo em trabalhadores de baixa renda.

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A adesão das empresas ao PAT é voluntárias. Aquelas que o fazem ganham isenção de encargos sociais. A lei que regulamenta o programa permite que os alimentos sejam fornecidos como refeição pronta, como os marmitex, cestas básicas ou em bandejões e refeitórios em que a cozinha está a cargo de empresas especializadas.

Mas o espaço para melhoria apontado por Haddad refere-se ao benefício concedido na forma de cartões, como os vale-alimentação e vale-compras. Esses cartões são emitidos pelas chamadas “empresas facilitadoras”. Segundo o ministro, há um “espaço regulatório” que o governo pretende “explorar no curto prazo”.

As mudanças estariam a cargo do Banco Central, mas não foram implementadas até o fim da gestão de Roberto Campos Neto, em dezembro passado. Caso as regras sejam revistas, os custos de transação poderiam ficar entre 1,5% e 3% mais baratas. O governo também pretende melhorar as condições de portabilidade dos benefícios para outras operadoras. Haddad observa que, embora prevista em lei, a portabilidade “não está funcionando adequadamente por falta de regulamentação por parte do Banco Central.”

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As medidas para baratear os alimentos ganharam visibilidade após o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, afirmar ontem que o governo estaria planejando uma série de “intervenções para baixar os preços”. A palavra utilizada por Costa repercutiu imediata e negativamente no mercado, já que evoca práticas que castigaram os brasileiros no passado, como o tabelamento e o congelamento de preços. Diante da crescente tensão, o ministro se corrigiu e afirmou que o termo correto não era intervenção, mas sim medidas para baixar os preços.

Haddad deve se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e colegas da Esplanada dos Ministérios nesta sexta para aprofundar as discussões. A mobilização não envolve apenas o primeiro escalão do presidente: formas de baratear a comida é um pleito antigo de associações empresariais como a Abras, que reúne os supermercados.

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