ASSINE VEJA NEGÓCIOS

Inflação oficial sobe 4,52% em 2020 e é a maior em quatro anos

Indicador foi puxado por alta em alimentos básicos na mesa do brasileiro e pela mudança de comportamento do consumidor devido à pandemia

Por Larissa Quintino Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 12 jan 2021, 09h23 - Publicado em 12 jan 2021, 09h11

Em um ano marcado pelo fechamento de atividades, desvalorização da moeda, mudanças no padrão de consumo e estímulos econômicos diretos, a inflação mostrou em diversas formas o efeito da crise trazida pela pandemia do novo coronavírus no dia a dia. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou 2020 com alta de 4,52%. Os dados foram divulgados nesta terça-feira, 12, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O índice é o maior desde 2016, quando a aceleração foi de 6,29%. O IPCA fechou o ano acima do centro da meta de 4%, definida pelo Conselho Monetário Nacional, mas dentro da margem de tolerância. Em 2019, a inflação encerrou o ano em 4,31%.

Apesar de um ano atípico, com atividades econômicas reduzidas — e até mesmo fechadas em parte do tempo — a inflação foi sentida de forma mais forte nos alimentos, com altas em itens da cesta básica e do dia a dia do brasileiro, como o arroz, óleo de soja, carnes e hortifruti. A alta nos preços dos alimentos e bebidas foi de 14,09% no bolso dos brasileiros.

O gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, explica que esse crescimento na inflação dos alimentos, o maior desde 2002 (19,47%), foi provocado, entre outros fatores, pela demanda por esses produtos, a alta do dólar e dos preços das commodities no mercado internacional. Um movimento global de alta nos preços dos alimentos, num ano marcado pela pandemia de Covid-19. Os preços do óleo de soja (103,79%) e do arroz (76,01%) dispararam no acumulado do ano passado. Outros itens importantes na cesta das famílias também tiveram altas expressivas, como o leite longa vida (26,93%), as frutas (25,40%), as carnes (17,97%), a batata-inglesa (67,27%) e o tomate (52,76%).

A mudança no padrão de consumo trazido pela pandemia, que alimentos para consumo no lar pesaram mais e o consumo de outros itens, sejam produtos e serviços, deixaram de ser prioritários, fez com que toda a população sentisse os impactos da alta dos preços, mas a influência principal é sobre famílias mais pobres.

O IPCA se refere às famílias com rendimento de um a 40 salários mínimos (41.800 reais mensais) e, a alta dos alimentos pesa no bolso dos mais pobres. Essa cesta de consumo que compõe a medição da inflação oficial do país é atualizada a cada cinco ou dez anos. Inclusive, teve mudanças na medição válidas a partir de 2020. Houve a inclusão de itens como transporte por aplicativo e serviço de streaming. Além disso, com a revisão, os alimentos passaram a ter peso menor que os transportes na cesta das famílias, o que reflete essa diferença entre a pressão dos preços medida pelo indicador e sentida pelo consumidor.

Continua após a publicidade

Com a subida do indicador, há pressão sobre o Comitê de Política Monetária (Copom), que se reúne na próxima semana para anunciar sua decisão sobre a taxa básica de juros na economia. Apesar do colegiado defender em reuniões anteriores que a alta da inflação é algo pontual, ligado intimamente ao período de crise e estímulos como o auxílio emergencial, o movimento dos preços não pode ser ignorado. O IGP-M, medido pela Fundação Getulio Vargas, acelerou 1,89% na primeira prévia de janeiro, acima do esperado pelo mercado, em 1%.

Em dezembro, a inflação acelerou para 1,35%, a variação mais intensa desde fevereiro de 2003 (1,57%) e a maior para um mês de dezembro desde 2002 (2,10%). Kislanov observa que, no mês, todos os grupos pesquisados tiveram alta, mas o destaque ficou com habitação (2,88%), devido ao aumento de 9,34% na energia elétrica. “Em dezembro, passou a vigorar no país a bandeira tarifária vermelha patamar 2, com acréscimo de R$ 6,243 a cada 100 quilowatts-hora consumidos. Além disso, houve reajustes tarifários em Rio Branco e Porto Alegre”, explica.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas R$ 5,99/mês*
ECONOMIZE ATÉ 59% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Nesta semana do Consumidor, aproveite a promoção que preparamos pra você.
Receba a revista em casa a partir de 10,99.
a partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.