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Queda em combustíveis e alimentos levam país ao 3º mês de deflação

No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação está em 7,17%, ainda acima do teto da meta de inflação do ano, que é de 5%

Por Larissa Quintino Atualizado em 11 out 2022, 21h28 - Publicado em 11 out 2022, 09h32
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  • O Brasil registrou o terceiro mês seguido de variação negativa dos preços, a chamada deflação. Em setembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de -0,29%, uma queda menos intensa do que as registradas em julho (-0,68%) e agosto (-0,36%), mas com uma sinalização importante. Além dos preços dos combustíveis em queda, principal contribuição para a desaceleração da inflação, os alimentos também tiveram variação negativa no mês. No ano, a inflação acumulada é de 4,09% e, nos últimos 12 meses, de 7,17%. O índice segue acima do teto da meta, que é de 5% para 2022.

    De acordo com os dados divulgados pelo IBGE nesta terça-feira, 11, o grupo de transportes teve novamente o maior impacto no resultado, com a queda de 1,98% registrada no período. “Os combustíveis e, principalmente, a gasolina têm um peso muito grande dentro do IPCA. Em julho, o efeito foi maior por conta da fixação da alíquota máxima de ICMS, mas, além disso, temos observado reduções no preço médio do combustível vendido para as distribuidoras, o que tem contribuído para a continuidade da queda dos preços”, explica o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

    Em setembro, com queda de 8,33%, a gasolina exerceu o impacto negativo mais intenso no índice (-0,42 ponto percentual). Os outros três combustíveis pesquisados também tiveram queda nos preços: etanol (-12,43%), óleo diesel (-4,57%) e gás veicular (-0,23%). “O etanol, mesmo tendo um preço livre, acaba acompanhando a gasolina, pois é um produto substituto”, acrescenta Kislanov. No grupo, houve ainda o recuo nos preços das motocicletas (-0,08%), dos automóveis novos (-0,15%) e dos automóveis usados (-0,38%), que haviam subido em agosto.

    O grupo alimentação e bebidas passou de alta de 0,24% em agosto para queda de 0,51% em setembro, puxado pela alimentação no domicílio (-0,86%). “Os alimentos vinham apresentando crescimento desde o começo do ano, inclusive altas fortes em março (2,42%) e abril (2,06%). Essa queda de setembro é a primeira desde novembro de 2021 (-0,04%)”, afirma Kislanov.

    O gerente do IPCA destaca que o produto que mais impactou neste resultado foi o leite longa vida (-13,71%), que contribuiu com -0,15 p.p. no resultado do mês: “O leite vinha subindo muito nos últimos 12 meses, especialmente em 2022, por conta do período de entressafra, a partir de março e abril, mas também por causa da guerra da Ucrânia, que aumentou muito o preço dos insumos agrícolas. Agora, com o final do período de entressafra e a volta das chuvas, aumentou a oferta do produto no mercado, o que gerou uma queda nos preços.” Apesar da queda, o produto ainda tem alta de 36,93% no acumulado dos últimos 12 meses.

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    Além do leite, destaca-se também a redução nos preços do óleo de soja (-6,27%). “No caso do óleo de soja, a explicação vem da redução do preço da soja no mercado internacional, que está caindo desde o final de junho”, contextualiza.

    Na parte das altas, o grupo vestuário foi o com maior pressão  (1,77%). Todos os itens tiveram alta em setembro, com destaque para as roupas femininas (2,03%), que contribuíram com 0,03 p.p. Kislanov observa que isso pode estar relacionado a uma demanda reprimida no pós-pandemia. “Enquanto vários produtos tiveram uma alta de preços significativa na pandemia, o vestuário não, então, também tem uma base de comparação mais baixa”.

    A alta do grupo despesas pessoais (0,95%) foi puxada pelo aumento dos serviços bancários (1,56%). Além disso, serviços ligados ao turismo, como hospedagem (2,88%) e pacote turístico (2,30%) também subiram. “Essas altas também são explicadas por esse contexto de retomada dos serviços após a pandemia”, explica o gerente.

    Outro destaque foi o grupo habitação, que acelerou na passagem de agosto (0,10%) para setembro (0,60%), especialmente por conta da energia elétrica residencial, que subiu 0,78%, após a queda de 1,27% observada no mês anterior. A alta no mês é efeito efeito do reajuste tarifário observado em Vitória e Belém.

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