Com as barreiras comerciais impostas pelo Brexit, as famílias britânicas pagaram £ 7 bilhões (cerca de R$ 42 bilhões) extras para compensar os valores das importações de alimentos de países da União Europeia (UE). O resultado do levantamento de pesquisadores da London School of Economics (LSE) foi divulgado nesta quarta-feira, 24, pelo jornal britânico The Guardian.
Ao analisar os impactos no valor dos alimentos pela saída do Reino Unido da União Europeia, oficializada em 2019, o estudo apontou que os entraves com a UE escalaram o preço dos produtos alimentícios em 25% no Reino Unido. De acordo com os pesquisadores, o aumento teria sido apenas de 17% caso as autoridades britânicas tivessem optado por permanecer na entidade. Entre as dificuldades impostas estariam uma maior burocracia na validação das mercadorias e nas verificações veterinárias do gado.
+ Três anos depois, Brexit custa £100 bilhões por ano à economia britânica
Em janeiro, uma análise da Bloomberg Economics indicou que o Brexit custa à economia britânica cerca de 100 bilhões de libras por ano (equivalente a mais de 600 bilhões de reais), com efeitos que passam desde investimentos empresariais até a capacidade de empresas de contratar trabalhadores.
O fraco desempenho é parcialmente explicado pelo investimento empresarial, uma vez que as empresas suspendem as decisões de gastos devido à incerteza sobre o que significaria a vida fora da UE. Já no âmbito da força de trabalho, a análise estima que há 370.000 trabalhadores da UE a menos empregados no Reino Unido do que haveria se o país tivesse permanecido no bloco.
Em abril, o Fundo Monetário Internacional (FMI) acendeu os alertas sobre o destino da economia britânica ao indicar que um encolhimento de 0,3% da economia nacional estava previsto para este ano, sendo a maior contração entre os países pertencentes ao G20.
Apesar do índice de inflação de preços ao consumidor britânico ter apresentado uma queda para 8,7% no último mês, o levantamento do Escritório de Estatísticas Nacionais apontou que a taxa no setor da alimentação permaneceu alta, em uma marca de 19%, no ano passado.
Um dos especialistas do estudo, Nikki Datta, afirmou que nem todos os limites da União Europeia foram estabelecidos, escalando o drama sobre o futuro do Reino Unido. Por parte dos testes veterinários ainda não estar sendo realizada, os custos dos alimentos podem sofrer novas alterações, segundo Datta.
“Pode ser que não haja reajuste de preços quando eles entrarem em vigor porque as empresas já contabilizaram os custos extras”, pondera. “Ou as barreiras extras, quando entrarem em vigor, aumentarão os preços e os chefes de família enfrentarão um novo aumento nos custos dos alimentos