Poucos dias depois de um ataque a tiros deixar 19 crianças e duas professoras mortas em uma escola nos Estados Unidos, o governo do Canadá anunciou que planeja aprovar uma legislação que congelaria a importação, compra ou venda de armas de fogo em qualquer lugar do país.
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“Precisamos de menos violência armada. Não podemos deixar que o debate sobre armas se torne tão polarizado que nada seja feito”, declarou a repórteres o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, na segunda-feira, 30. “Além de usar armas de fogo para tiro esportivo e caça, não há razão para que alguém no Canadá precise de armas em suas vidas cotidianas”.
Trudeau reconheceu que a grande maioria dos civis que possuíam armas era responsável, mas o nível de violência armada era “inaceitável”. O Canadá tem planos de banir 1.500 tipos de armas de fogo de estilo militar e oferecer um programa de recompra obrigatório que começará no final do ano.
O projeto de lei também permitiria a remoção de licenças de pessoas envolvidas em atos de violência doméstica ou assédio criminal, como perseguição.
Espera-se que os regulamentos para interromper o crescimento de armas de mão pessoais sejam promulgados ainda neste semestre. As novas medidas provavelmente serão aprovadas pelo Parlamento, já que há votos suficientes entre os governistas.
Antes da proposta de proibição total, o Canadá já havia expandido as verificações de antecedentes criminais a candidatos à posse de armamento. Mas a introdução de leis mais duras sobre armas é um efeito do temor gerado pelos últimos tiroteios em massa ocorridos no Estados Unidos.
Uma série de ataques com vítimas fatais foram registrados em diferentes regiões dos Estados Unidos ao longo de maio. Além do massacre que matou 19 crianças em uma escola primária em Uvalde, no sul do estado do Texas, e do ataque em um supermercado de Buffalo, no estado de Nova York, que deixou 10 pessoas mortas, outros casos ocorreram nas cidades de Houston, Milwaukee e numa igreja da Califórnia.
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Justificando a nova lei como uma ampliação à segurança dos cidadãos canadenses, o primeiro-ministro defendeu que “as pessoas devem ser livres para ir ao supermercado, à escola ou ao local de culto sem medo”. O Canadá teve muito menos tiroteios em massa do que os EUA, em parte devido ao acesso mais difícil a armas, embora a população estadunidense também seja muito maior que a do Canadá.
Bill Blair, ministro da preparação para emergências do Canadá disse que o país é “muito diferente dos Estados Unidos”, porque, em seu Estado, “a posse de armas é um privilégio, não um direito”. O político canadense também alegou que as armas são muitas vezes contrabandeadas ilegalmente do vizinho americano, que ele observou ter um dos maiores arsenais de armas pequenas do mundo.
“O Canadá pode nos ensinar muito”, tuitou Bruce Heyman, ex-embaixador dos EUA no Canadá durante o governo Obama.
O governo canadense planeja combater o contrabando e o tráfico de armas aumentando as penalidades criminais, fornecendo mais ferramentas para investigar crimes de armas de fogo e fortalecendo as medidas de fronteira. Trudeau disse que o aumento do financiamento já ajudou as autoridades de fronteira a dobrar a quantidade de armas contrabandeadas confiscadas na fronteira dos EUA.