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Júri considera Trump culpado em caso de suborno a atriz pornô

Ex-presidente dos EUA tinha 34 acusações por comandar esquema ilícito para encobrir caso extraconjugal com atriz pornô durante corrida eleitoral de 2016

Por Amanda Péchy
Atualizado em 30 Maio 2024, 18h33 - Publicado em 30 Maio 2024, 18h00

Os doze jurados encarregados de definir o destino do ex-presidente americano Donald Trump chegaram, nesta quinta-feira, 30, a um veredito no âmbito do caso que o acusa de realizar pagamentos a uma ex-atriz pornô, Stormy Daniels, para encobrir um affair, como parte de um esquema ilegal para não se queimar durante a corrida presidencial de 2016. Ele foi considerado culpado de 34 acusações de falsificação de registros comerciais.

Este foi o segundo dia de deliberação em um tribunal de Nova York, nos Estados Unidos, e antes de abrir as discussões do dia, o juiz responsável pelo caso, Juan Merchan, enfatizou que a defesa do ex-presidente não era obrigada a provar a inocência de seu cliente – o ônus da prova recai sobre a acusação.

Ou seja, segundo os jurados, os promotores de Nova York conseguiram provar que Trump e sua equipe praticaram maquiagem financeira para esconder as transferências de dinheiro a Daniels. Isso porque as despesas no valor de US$ 130 mil (cerca de R$ 460 mil na cotação da época) foram pagas primeiro por Michael Cohen, então fiel advogado e espécie de “faz-tudo” do republicano. Só depois, por meio de cheques que saíram tanto de contas da empresa Trump Organization quanto de contas pessoais de Trump, Cohen foi restituído – mas os gastos foram enganosamente registrados como “despesas judiciais” com o advogado.

Com isso, Trump se torna o primeiro presidente dos Estados Unidos, em exercício ou não, a ser considerado culpado por um crime.

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Próximos passos

Merchan convocou para o dia 11 de julho uma nova audiência do julgamento, desta vez para definir a sentença cabível diante dos crimes cometidos.

Como Trump foi considerado culpado de 34 acusações, cada uma das quais é passível a quatro anos de prisão, na teoria, ele poderia ficar atrás das grades por até 136 anos. No entanto, ainda é incerto se ele realmente será preso. E, se for, isso não o impediria de continuar na corrida pela Casa Branca contra o atual presidente americano, Joe Biden.

Inclusive, até agora, as acusações e julgamentos contra o ex-presidente só fizeram aumentar sua popularidade com o eleitorado, que muitas vezes compra a narrativa de que ele estaria sofrendo “perseguição política”. A audiência em que o juiz emitirá a sentença é bastante próxima da Convenção Nacional Republicana, que terá início no dia 15 de julho, quando Trump se tornará candidato oficial do partido – timing que pode dar novo impulso a sua campanha.

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O advogado do republicano, Todd Blanche, solicitou a Merchan a absolvição das acusações, apesar do veredicto, justificando que não havia como o júri ter chegado ao veredito de culpado sem o testemunho do ex-advogado Michael Cohen – que a defesa acredita ter cometido perjúrio no julgamento. O juiz, porém, negou o pedido de absolvição.

Ao sair do tribunal, franzindo a testa ao lado do filho Eric, Trump falou brevemente com repórteres, apenas para classificar o julgamento contra ele como uma “desgraça” e um “fraudulento”.

+ Julgamento por fraude contra Trump entra na fase de argumentos finais

A decisão ocorre após um complexo processo de escolha do júri, inclusive, foi marcado por dificuldades porque ora a defesa acusava certas pessoas de serem alinhadas demais com o Partido Democrata, do presidente Joe Biden, para julgar Trump com imparcialidade, ora a acusação descartava candidatos por os considerarem republicanos demais.

Relembre o caso

A ação no tribunal está ligada à descoberta de um suposto esquema ilegal durante a campanha presidencial de 2016, que levou Trump à Casa Branca, cujo objetivo seria blindar o republicano de “má publicidade” e preservar sua imagem perante o eleitorado. Um dos elementos desse esquema seria evitar que viessem à tona informações sobre um encontro sexual entre o bilionário e a atriz pornô Stormy Daniels, que havia ocorrido dez anos antes, logo após ele ter se casado com Melania.

Segundo os promotores, Trump e sua equipe decidiram oferecer US$ 130 mil (cerca de R$ 460 mil na cotação da época) a Daniels para comprar seu silêncio sobre o affair, um acordo fechado apenas doze dias antes da eleição. Porém, ele fez isso por meio de um “aviãozinho” – seu fiel advogado e espécie de “faz-tudo”, Michael Cohen, que transferiu o dinheiro por meio de uma empresa de fachada.

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+ Trump cometeu ‘fraude eleitoral’ em 2016, dizem promotores em julgamento

Tragédia evitada, eleição vencida. Já como presidente, Trump restituiu Cohen com uma série de cheques mensais, que vinham ou de um fundo de ativos da sua empresa, a Trump Organization, ou de sua própria conta bancária. Foram 11 cheques no total, nove dos quais o próprio republicano assinou.

Não haveria nada de ilegal até aí. A questão é que, em registros comerciais, os gastos em cheques foram assinalados enganosamente como “despesas legais” com o advogado, Cohen. Por isso, no ano passado, o republicano foi indiciado com 34 acusações de falsificação de registros comerciais, para supostamente encobrir um pagamento.

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Segundo os promotores, a empresa do então presidente, a Trump Organization, processou cheques “disfarçados como um pagamento por serviços jurídicos prestados segundo um acordo de retenção inexistente”. Enquanto isso, ainda de acordo com a acusação, Trump tinha “a intenção de fraudar, de cometer crime, e ajudar a ocultar a prática do mesmo”.

Problemas na Justiça

Contando com o processo do suborno secreto, Trump enfrenta 92 acusações criminais no total, em quatro investigações diferentes:

  • O ex-presidente foi indiciado por reter documentos secretos da Casa Branca após deixar a Presidência e exibi-los a amigos em seu clube de campo, incluindo textos contendo informações ultrassecretas sobre o arsenal nuclear dos Estados Unidos.
  • Numa ação movida pelo Departamento de Estado, ou seja, de âmbito federal, Trump é acusado de tentar anular sua derrota eleitoral de 2020, um esforço que culminou na invasão do Capitólio americano, em 6 de janeiro de 2021, por seus apoiadores, a fim de impedir o Congresso de certificar a vitória de Joe Biden.
  • Uma ação movida pelo estado da Geórgia também está relacionada à tentativa de subversão do resultado das eleições

Fora isso, Trump perdeu dois processos civis recentemente – um por difamar a escritora E. Jean Carroll, alegando que ela mentiu quando o acusou de tê-la estuprado, e outro por fraude, aumentando artificialmente o valor de suas propriedades em Nova York para obter negócios melhores com seguradoras e credores. Até agora, ele deve mais de 500 milhões de dólares por essas derrotas.

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