Por que a China está preocupada com as tarifas de Trump sobre o México
Apesar de estar envolta em sua própria guerra tarifária com Washington, a China acompanha de perto o que vem acontecendo em território mexicano

Entre idas e vindas, o presidente do Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na semana passada que vai adiar mais uma vez, por um mês, a implementação de tarifas sobre importações vindas do México cobertas pelo tratado de livre-comércio USMCA, o equivalente a cerca de 50% do volume total de importações. Apesar de estar envolta em sua própria guerra tarifária com Washington, a China acompanha de perto o que vem acontecendo em território mexicano, segundo análise do jornal americano The New York Times.
Autoridades em Pequim, segundo o jornal, estão cada vez mais preocupadas que as tarifas do presidente Trump sobre o México possam ser o início de uma ampla campanha para forçar os países em desenvolvimento ao redor do mundo a escolherem entre o comércio com os Estados Unidos ou com a China.
Em seu primeiro mandato, Trump já havia imposto tarifas sobre produtos da China, e empresas começaram a investir pesado em países como México, Vietnã e Tailândia para montar componentes chineses em produtos para envio aos Estados Unidos. Fazer a montagem final nesses países ofereceu uma porta dos fundos para o mercado dos EUA, independentemente dos atritos comerciais entre Washington e Pequim.
A preocupação agora em Pequim é que a pressão de Washington poderia forçar o México a fechar seu mercado para produtos chineses em troca de um adiamento das tarifas americanas.
No início do mês, o governo Trump anunciou novas tarifas contra produtos chineses por acusações de contrabando de fentanil, que a nação asiática chamou de injustificadas. Pequim defende que fez muito para conter as exportações de produtos químicos industriais usados para fabricar a droga nos últimos anos, e que a crise dos opioides nos Estados Unidos é um problema doméstico.
Essas foram as mais recentes de uma série de tarifas retaliatórias que Washington e Pequim impuseram mutuamente desde o retorno de Trump à Casa Branca, em janeiro. Os Estados Unidos aumentaram os impostos fixos sobre todas as importações chinesas para 20%, enquanto Pequim respondeu com taxas adicionais de 15% sobre produtos americanos, incluindo frango, carne suína, soja e carne bovina. Além disso, expandiu a restrição dos negócios entre empresas chinesas e americanas.
O Ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, disse nesta sexta-feira, 7, que seu país continuará a tomar medidas retaliatórias contra “tarifas arbitrárias” impostas pelos Estados Unidos e acusou o governo de Donald Trump de incentivar a “lei da selva” durante uma entrevista coletiva, à margem da sessão parlamentar anual do país.
Wang afirmou que os americanos estão “enfrentando o bem com o mal” ao relatar que os esforços chineses para ajudar Washington a conter a epidemia de opioides, com foco no combate ao tráfico de fentanil, foram recebidos com tarifas punitivas. Segundo ele, os laços entre as duas maiores potências do mundo estão sendo prejudicados.