O presidente do Chile, Sebastián Piñera, aprovou nesta segunda-feira, 23, a realização de um referendo para uma nova Constituição, com previsão para abril de 2020.
Segundo o chileno, o plebiscito vai criar um “arcabouço sólido, compassivo e legítimo” e reunificar o país, desestruturado após nove semanas de protestos intensos contra a desigualdade e política econômica. Além disso, ele promete um processo de “participação cidadã ampla e efetiva”.
“É de suma importância recuperar o valor da união, do diálogo, dos entendimentos, especialmente com aqueles que pensam diferente”, acrescentou Piñera.
A atual Constituição é de 1980, quando o general Augusto Pinochet encabeçava o regime ditatorial no Chile. Críticos apontam que o texto não garante saúde, educação e participação cidadã adequadas no governo, e sua substituição foi um dos motivos que desencadeou a bateria de protestos em outubro.
No dia 26 de abril, chilenos irão às urnas para decidir se querem uma nova Constituição. Caso decidam pelo sim, escolherão se o novo documento deve ser redigido por uma assembleia eleita pelo povo, ou uma que inclua os parlamentares atuais.
Uma pesquisa feita pela Cadem no mês passado apontou que 82% dos chilenos acreditam que o país precisa de uma nova Constituição, que 60% desejam que ela seja redigida por uma assembleia eleita pelo povo e que 35% querem que inclua políticos.
Piñera, que no início dos protestos havia declarado que “estamos em guerra com um inimigo poderoso”, mudou o discurso radicalmente: afirmou que a nova Carta Magna “deveria servir para deixar para trás a violência e as divisões que vimos ressurgir com dor e tristeza nestes dias”.
(Com Reuters)