O diplomata e ex-embaixador do Brasil em Londres, Rubens Barbosa, afirmou, em entrevista ao programa Os Três Poderes, de VEJA, desta sexta-feira, 25, que o Brasil ‘fica numa posição de menos influência’ com a entrada de novos países no Brics. O bloco realizou a cúpula anual nesta semana, em evento na cidade de Kazan, na Rússia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou por videoconferência no evento.
“A China sai muito fortalecida, a Rússia mostra que não está isolada e o Brasil ficou numa posição de menos influência que tinha quando o grupo era reduzido. Nós perdemos um papel relativo dentro do movimento. Mas no caso da Venezuela, a posição que o Brasil adotou foi a que prevaleceu, apesar do Putin dizer que estava a favor [da entrada do país sul-americano como ‘parceiro’ do Brics] e dizendo que o Brasil que se opôs”, disse Barbosa.
Segundo ele, apesar do estremecimento na relação entre Brasil e Venezuela diante do veto brasileiro, a diplomacia prevalecerá. “Acho que o Brasil e a Venezuela vão continuar com relações diplomáticas. A exemplo do que ocorre com Nicarágua e Argentina, a relação entre os presidentes fica estremecida, mas os comunicados não citam nem o ministro Mauro [Vieira] e nem o presidente Lula. Então isso, em termos diplomáticos, significa que eles não estão querendo cortar a ligação nem com o ministro e nem com o presidente aqui no Brasil. A relação entre os Estados vai continuar igual com esse estremecimento, mas não rompimento entre os dois presidentes”, opinou.
A edição também analisou a reta final do segundo turno das eleições municipais, bem como as últimas pesquisas eleitorais divulgadas sobre a corrida em São Paulo, Belo Horizonte, Fortaleza e outras capitais. O caso das vendas de sentenças no STJ também foi tema do programa, que teve apresentação de Ricardo Ferraz e comentários dos colunistas Matheus Leitão, Ricardo Rangel e Marcel Rahal.
FAÇAM SUAS APOSTAS
Tida como um parâmetro para avaliar as forças políticas e projetar o jogo para a disputa nacional daqui a dois anos, as eleições municipais de 2024, mesmo antes do segundo turno, desencadearam uma intensa movimentação nos bastidores dos principais partidos. Capa de VEJA mostra que legendas como PT e PL movimentam-se nos bastidores para definir o comando, as ideias e o futuro das siglas. A polarização dos últimos anos indica que a maioria dos partidos vai ter de fazer sua lição de casa para encontrar um bom lugar na mesa de 2026.
VENDA DE SENTENÇAS
A Polícia Federal investiga o esquema de compra e venda de sentenças envolvendo servidores do STJ há três meses. O caso foi revelado por VEJA no início de outubro, mesmo período em que delegados pediram autorização do STF para prosseguir com a apuração para impedir a destruição de provas e o engavetamento do caso. Apesar do pedido de urgência, o material só foi encaminhado na sexta-feira 18, após um jogo de pressão. Na segunda-feira 21, o ministro Cristiano Zanin encaminhou à PGR os três inquéritos abertos pela PF para que sejam definidos os próximos passos. A operação nesta quinta que apreendeu o celular de um lobista pode dar respostas para enigmas ainda indecifrados.
LIGAÇÕES (MAIS QUE) PERIGOSAS
Ex-dirigentes do PRTB, Joaquim Pereira Neto e Patrícia Reitter foram alvos de um atentado no dia 10 de outubro em Brasília. Três meses antes, eles haviam procurado a polícia para denunciar uma série de intimidações que vinham recebendo e a possível conexão de dirigentes do partido com o Primeiro Comando da Capital (PCC). A VEJA, Neto afirma que o grupo criminoso assumiu o comando da legenda e que a intenção da organização nas eleições era conquistar a prefeitura de São Paulo com a candidatura de Pablo Marçal. O ex-coach, inclusive, segundo o denunciante, sabia das supostas ligações.