A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou nesta quarta-feira, por 39 votos a 26, relatório contrário à denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer (PMDB) pelos crimes de organização criminosa e obstrução à Justiça. O texto, de autoria do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), segue agora à análise do plenário da Casa, que tem a palavra final sobre enviar ou não a acusação da PGR à análise do Supremo Tribunal Federal (STF). Para que a denúncia siga ao STF, 342 dos 513 deputados devem votar contra o relatório de Andrada.
Embora a CCJ tenha garantido uma diferença de 13 votos aos governistas, a vitória foi menor do que a obtida na comissão em julho, quando 41 deputados votaram favoravelmente ao relatório do deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), que deu parecer contrário à primeira denúncia da PGR contra Temer, pelo crime de corrupção passiva. No plenário, os aliados de Temer derrubaram a denúncia por 263 votos a 227.
Um dos fiadores do governo Temer e ocupante de quatro ministérios, o PSDB liberou seus deputados a votarem como quisessem na CCJ nesta quarta-feira. O partido e o PV foram os únicos aliados do peemedebista a não orientarem voto favorável ao relatório de Bonifácio de Andrada. Cinco deputados tucanos votaram contra o parecer e três, incluindo o próprio Andrada, a favor.
O relator, a propósito, foi retirado da comissão pelo PSDB e só pôde permanecer na CCJ porque o PSC lhe cedeu uma vaga. Depois de Paulo Abi-Ackel ter sido autor do relatório contrário à primeira denúncia contra Michel Temer na Câmara, a cúpula do PSDB temia o desgaste político à sigla caso um novo parecer favorável ao presidente fosse assinado por um tucano, o que, de fato, aconteceu.
Após a destituição de Tereza Cristina (MS) e da escolha de Júlio Delgado (MG) como novo líder do PSB na Câmara, o partido teve todos os seus quatro votos contrários ao relatório de Bonifácio de Andrada. Isso porque Delgado trocou dois dos deputados pessebistas na CCJ. Danilo Forte (CE) e Fábio Garcia (MT), ambos governistas, foram substituídos pelos deputados Danilo Cabral (PE) e Hugo Leal (RJ), que votaram contra Temer.
Veja abaixo como votou cada deputado em relação ao relatório de Andrada:
Favoráveis ao relatório (contrários à denúncia)
Alceu Moreira (PMDB-RS)
Antonio Bulhões (PRB-SP)
Arthur Lira (PP-AL)
Beto Mansur (PRB-SP)
Bilac Pinto (PR-MG)
Carlos Bezerra (PMDB-MT)
Carlos Marun (PMDB-MS)
Cleber Verde (PRB-MA)
Cristiane Brasil (PTB-RJ)
Daniel Vilela (PMDB-GO)
Darcísio Perondi (PMDB-RS)
Delegado Edson Moreira (PR-MG)
Domingos Neto (PSD-CE)
Edio Lopes (PR-RR)
Edmar Arruda (PSD-PR)
Evandro Gussi (PV-SP)
Evandro Roman (PSD-PR)
Fausto Pinato (PP-SP)
Francisco Floriano (DEM-RJ)
Genecias Noronha (SD-CE)
Hildo Rocha (PMDB-MA)
José Carlos Aleluia (DEM-BA)
Juscelino Filho (DEM-MA)
Luís Tibé (Avante-MG)
Luiz Fernando (PP-MG)
Magda Mofatto (PR-GO)
Maia Filho (PP-PI)
Marcelo Aro (PHS-MG)
Milton Monti (PR-SP)
Nelson Marquezelli (PTB-SP)
Osmar Serraglio (PMDB-PR)
Paes Landim (PTB-PI)
Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG)
Paulo Maluf (PP-SP)
Rogério Rosso (PSD-DF)
Ronaldo Fonseca (Pros-DF)
Thiago Peixoto (PSD-GO)
Bonifácio de Andrada (PSDB-MG)
Rodrigo de Castro (PSDB-MG)
Contrários ao relatório (favoráveis à denúncia)
Alessandro Molon (Rede-RJ)
Betinho Gomes (PSDB-PE)
Chico Alencar (PSOL-RJ)
Danilo Cabral (PSB-PE)
Fábio Sousa (PSDB-GO)
Félix Mendonça Jr. (PDT-BA)
Hugo Leal (PSB-RJ)
João Gualberto (PSDB-BA)
José Mentor (PT-SP)
Júlio Delgado (PSB-MG)
Luiz Couto (PT-PB)
Marco Maia (PT-RS)
Marcos Rogério (DEM-RO)
Maria do Rosário (PT-RS)
Patrus Ananias (PT-MG)
Paulo Teixeira (PT-SP)
Rocha (PSDB-AC)
Rubens Bueno (PPS-PR)
Sérgio Zveiter (PODE-RJ)
Silvio Torres (PSDB-SP)
Valmir Prascidelli (PT-SP)
Wadih Damous (PT-RJ)
Daniel Almeida (PCdoB-BA)
Gonzaga Patriota (PSB-PE)
Major Olímpio (SD-SP)
Pompeo de Mattos (PDT-RS)