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Atividade física é tão eficiente quanto medicação para tratar pressão alta

Pesquisadores ainda sugerem que os exercícios aeróbicos são uma excelente alternativa para quem deseja reduzir os níveis de gordura visceral

Por Redação
Atualizado em 13 mar 2019, 18h35 - Publicado em 13 mar 2019, 18h28

O exercício físico pode ser tão eficiente quanto o uso de medicações para reduzir tanto a pressão sanguínea quanto o nível de gordura corporal. É o que sugerem duas revisões de estudos publicadas recentemente.

A primeira revisão, publicada recentemente no British Journal of Sports Medicine, descobriu que a pressão arterial normal (encontrada em pessoas saudáveis) era mais baixa quando utilizava-se medicação. No entanto, para indivíduos que apresentavam hipertensão arterial, os exercícios pareciam ser tão eficientes quanto os remédios, que incluem betabloqueadores e diuréticos.

Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, revisaram 391 ensaios clínicos que envolviam cerca de 50 000 participantes. Nessa revisão, os estudos que investigavam apenas medicação (194) foram comparados aos que examinavam somente exercícios (197) foram comparados. O foco principal do estudo foi a pressão arterial sistólica (número mais alto), uma vez que a alteração pode causar efeitos físicos devastadores, incluindo o aumento do risco de doenças cardíacas, Alzheimer e morte prematura.

Gordura corporal

O segundo trabalho, publicado no mês passado no periódico Mayo Clinic Proceedings, revelou que a prática de atividade física  é um pouco mais eficiente para reduzir os níveis de gordura visceral do que as medicações. Os pesquisadores ainda revelaram que modalidades aeróbicas, como dança e corrida, por exemplo, são mais eficientes para promover essa redução se comparado a treinamentos de força, como musculação. “Mudanças no estilo de vida, como [a adoção de] exercícios, devem ser o primeiro passo para as pessoas começarem a reduzir a gordura visceral”, disse Ian Neeland, principal autor do estudo, ao The New York Times. 

A gordura visceral é se acumula ao redor da cintura e tem como função proteger órgãos do sistema digestivo, além dos rins e coração. No entanto, em altas concentrações ela pode se tornar perigosa, pois eleva o risco de problemas metabólicos. Para reduzir a gordura visceral do organismo, especialmente em caso de pacientes obesos, os médicos recomendam o uso de remédios como metformina e orlistat (medicamentos para emagrecer).

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Os resultados desta análise foram obtidos depois que pesquisadores da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, reuniram experimentos, com duração de pelos menos seis meses, que analisavam os resultados da medicação ou do exercício físico na redução da gordura corporal. Um total de 3602 participantes estavam envolvidos nos 17 estudos revisados pela equipe.

Apesar dos achados, nenhuma das revisões revelou quanto tempo por semana os pacientes devem se exercitar para alcançar esses benefícios, o que sugere que mais investigações são necessárias. Por causa disso, os cientistas salientam que os medicamentos devem continuar sendo utilizados como principal tratamento tanto para hipertensão quanto para emagrecimento. “Nós não acreditamos que, com base no nosso estudo, os pacientes devem parar de tomar suas medicações”, disse Huseyin Naci, pesquisador envolvido na primeira revisão, à New Scientist

O poder do exercício

As duas revisões indicam que o exercício pode igualar ou exceder os efeitos dos medicamentos sobre a hipertensão arterial e gordura visceral. Além disso, diversos estudos realizados nos últimos anos revelaram que a prática de atividade física pode ser benéfica para a saúde em médio e longo prazo. Uma pesquisa publicada ano passado no JAMA Psychology, por exemplo, mostrou que o treino de resistência – como levantamento de peso – está associado a uma redução significativa dos sintomas da depressão, além fornecer os já conhecidos benefícios físicos, como perda de peso, prevenção de doenças crônicas e fortalecimento dos ossos e músculos.

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Outro estudo publicado este ano no mesmo periódico descobriu que pessoas fisicamente ativas estão menos propensas a desenvolver depressão. Aliás, esse benefício pode ser alcançado mesmo para aqueles que se exercitam por pouco tempo. “Quinze minutos de corrida, uma hora de jardinagem. [Apenas] saia e faça alguma coisa. Você nem precisa suar ou ficar sem fôlego. O importante é estar em movimento”, orientou David Agus, principal autor da pesquisa, ao programa americano CBS This Morning.

Os benefícios da atividade física não param por aí. De acordo com um estudo publicado em 2018 no periódico Circulation, pessoas de meia idade podem reduzir e até mesmo reverter o risco cardíaco causado por décadas de sedentarismo através de exercícios físicos. No entanto, esse objetivo só é alcançado com um comprometimento de longo prazo: é necessário praticar exercícios aeróbicos de quatro a cinco vezes por semana, ao longo de dois anos.

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