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Biscoito recheado pode tirar até 39 minutos de vida saudável por porção

Estudo da USP e parceiros estimou o impacto positivo ou negativo dos 33 alimentos mais populares no Brasil para a saúde e o meio ambiente

Por Agência Bori
9 Maio 2025, 14h00

O consumo de biscoitos recheados, popular produto ultraprocessado a que muitos brasileiros recorrem para refeições rápidas, está associado à perda média de 39 minutos de vida por porção. O dado integra uma avaliação inédita de impacto combinado para a saúde humana e a sustentabilidade dos principais alimentos consumidos no país. O estudo foi publicado nesta sexta-feira, 9, na revista científica International Journal of Environmental Research and Public Health por pesquisadores das universidades de São Paulo (USP), do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Técnica da Dinamarca (DTU).

A pesquisa analisou os 33 alimentos que mais contribuem para a ingestão energética dos brasileiros usando o Índice Nutricional de Saúde (HENI), pontuação que estima minutos de vida ganhos ou perdidos conforme as características nutricionais dos itens. Além disso, os cientistas calcularam o impacto ambiental das porções em emissão de gases de efeito estufa (CO₂ equivalente) e volume de água utilizado.

O Índice Nutricional de Saúde médio no Brasil, segundo a pesquisa, foi de -5,89 minutos, variando de -39,69 minutos para biscoitos recheados a +17,22 minutos para o consumo de peixes de água doce. Entre os piores colocados, também estão a carne suína (−36,09 minutos), margarina com ou sem sal (−24,76 minutos), carne bovina (-21,86 min) e biscoitos salgados (-19,48 min). Por outro lado, alimentos in natura, principalmente banana (+8,08 minutos) e feijão (+6,53 minutos) mostraram bom desempenho tanto para a saúde quanto para o planeta.

Quando o assunto é sustentabilidade, a pizza de mussarela se destaca negativamente com o uso de mais de 306 litros de água para uma porção média de 280 gramas. A carne bovina, além do impacto negativo para a saúde, emite mais de 16 kg de CO₂ equivalente por porção, enquanto a banana tem emissão de apenas 0,1 kg de CO₂ equivalente e usa 14,8 litros de água por porção.

Dietas regionais

O levantamento avaliou o consumo dos alimentos em quatro agrupamentos regionais. Em comum entre as regiões brasileiras, está a dieta centrada em arroz, feijão, carnes bovina, suína e de frango. De forma geral, os pesquisadores também identificaram monotonia alimentar e consumo reduzido de alimentos nativos e biodiversos — essenciais para melhorar tanto a nutrição quanto a sustentabilidade.

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Porém, o artigo identifica as piores médias do índice nos dois agrupamentos regionais que correspondem ao Nordeste e a parte da região Norte. Nessas regiões, a variação foi de -61,15 minutos para o consumo de carne seca até +41,43 minutos para o consumo de açaí com granola.

“Esses achados reforçam que a melhoria dos sistemas alimentares exige ações que vão além da promoção de informações sobre escolhas saudáveis e sustentáveis – é necessário garantir acesso real, contínuo e economicamente viável a esses alimentos, especialmente para populações em situação de vulnerabilidade”, comenta Marhya Júlia Silva Leite, uma das autoras do artigo, sobre os desafios de avaliar conjuntamente as dimensões nutricional, ambiental, cultural e econômica da alimentação brasileira.

A autora ressalta que os números presentes não devem ser interpretados como medidas exatas, mas apenas como estimativas comparativas do impacto relativo dos alimentos mais consumidos pelos brasileiros.

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Para a pesquisadora, o estudo pode contribuir para iniciativas que promovam a agricultura familiar, especialmente em relação à produção de alimentos in natura e minimamente processados, como frutas, feijões e legumes.

“Políticas que incentivem a produção local e diversificada e o acesso a alimentos saudáveis podem ser orientadas por esses achados, promovendo sistemas alimentares mais resilientes, justos e sustentáveis. Também é uma oportunidade para valorizar a sociobiodiversidade brasileira, com estímulo ao cultivo e consumo de alimentos nativos que hoje são pouco explorados e consumidos em algumas regiões”, finaliza Marhya.

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