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Dieta NiMe: o novo cardápio baseado em vegetais e quase nada de carnes e ultraprocessados

Regime alimentar se baseia em costumes orientais e tem ganhado adeptos ao redor do mundo

Por Jens Walter*, para The Conversation
21 fev 2025, 15h32

As dietas ocidentais – ricas em alimentos processados e pobres em fibras – estão associadas à obesidade, ao diabetes e às doenças cardíacas. Elas não prejudicam nossos microbiomas intestinais – a complexa comunidade de bactérias, fungos e vírus encontrados em nosso trato intestinal – que são importantes para a saúde como um todo.

Eu e meus colegas cientistas estamos buscando ativamente maneiras de criar microbiomas saudáveis para prevenir doenças crônicas. E minha busca me levou à Papua Nova Guiné (país da Oceania).

Há muito tempo sou fascinado por este país, com seus vales remotos quase intocados pelo mundo moderno até 1930, mais de 800 idiomas, um antigo sistema de agricultura de subsistência e comunidades inteiras vivendo um estilo de vida não industrializado.

Esse fascínio deu início a um emocionante projeto de pesquisa de nove anos envolvendo pesquisadores de oito países, o que levou a um artigo publicado na revista científica Cell.

Em pesquisas anteriores, minha equipe estudou os microbiomas intestinais de moradores rurais da Papua Nova Guiné. Descobrimos que são mais diversos do que seus equivalentes ocidentalizados, enriquecidos com bactérias que prosperam em fibras alimentares e com níveis mais baixos de bactérias causadoras de inflamações, normalmente encontradas em pessoas que comem alimentos altamente processados.

Essas informações forneceram dicas sobre como corrigir, possivelmente, os danos causados aos nossos microbiomas intestinais.

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A dieta tradicional da zona rural de Papua Nova Guiné é rica em alimentos vegetais não processados, cheios de fibras, mas com baixo teor de açúcar e calorias, algo que pude comprovar pessoalmente em uma viagem de campo no país. Determinada a criar algo que todos pudessem usar para beneficiar a saúde, nossa equipe apreendeu o que vimos na Papua Nova Guiné e em outras sociedades não industrializadas para criar uma nova dieta que chamamos de dieta NiMe (non-industrialised microbiome restore ou, em português, restauração do microbioma não industrializado).

O que diferencia a NiMe de outras dietas é que ela é dominada por vegetais (como folhas verdes), leguminosas (como feijões) e frutas. Ela contém apenas uma pequena porção de proteína animal por dia (salmão, frango ou porco) e evita alimentos altamente processados.

Laticínios, carne bovina e trigo foram excluídos do teste em humanos porque não fazem parte da dieta tradicional na Papua Nova Guiné rural. A outra distinção característica da dieta é um conteúdo substancial de fibras alimentares. Em nosso estudo, optamos por cerca de 45 gramas de fibras por dia, o que excede as recomendações das diretrizes alimentares.

Um dos meus alunos de doutorado foi criativo na cozinha, inventando receitas que agradam a pessoas acostumadas a pratos ocidentais típicos. Essas refeições nos permitiram desenvolver um plano para ser testado em um estudo estritamente controlado em adultos canadenses saudáveis.

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Resultados notáveis

Observamos resultados relevantes, incluindo perda de peso (embora os participantes não tenham alterado sua ingestão calórica regular), uma queda no colesterol ruim em 17%, diminuição do açúcar no sangue em 6% e uma redução de 14% em um marcador de inflamação e doença cardíaca chamado proteína C-reativa.

Esses benefícios foram diretamente ligados a melhorias no microbioma intestinal dos participantes, especificamente, os que tinham características de microbioma danificadas pela industrialização.

Em uma dieta ocidental pobre em fibras alimentares, o microbioma intestinal degrada a camada de muco do intestino, o que leva à inflamação. A dieta NiMe preveniu esse processo, que foi associado a uma redução na inflamação.

A dieta também aumentou os metabólitos bacterianos benéficos (subprodutos) no intestino, como ácidos graxos de cadeia curta, e no sangue, como o ácido indol-3-propiônico – um metabólito que demonstrou proteger contra diabetes tipo 2 e danos nos nervos.

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As pesquisas também demonstram que o baixo teor de fibra alimentar faz com que os micróbios intestinais aumentem a fermentação de proteínas, o que gera subprodutos prejudiciais que podem contribuir para o câncer de cólon.

Na verdade, há uma tendência preocupante de aumento do câncer de cólon em pessoas mais jovens, que pode ser causado por tendências recentes de dietas ricas em proteínas ou suplementos. A dieta NiMe aumentou a fermentação de carboidratos em detrimento da fermentação de proteínas, e reduziu as moléculas bacterianas no sangue dos participantes que estão ligadas ao câncer.

As descobertas da nossa pesquisa mostram que uma intervenção dietética direcionada à restauração do microbioma intestinal pode melhorar a saúde e reduzir o risco de doenças. A dieta NiMe oferece um roteiro prático para alcançar esse objetivo, fornecendo receitas que foram usadas em nosso estudo. Ela permite que qualquer pessoa interessada em alimentação saudável melhore sua dieta para alimentar as células humanas e o microbioma.

*Jens Walter, Professor of Ecology, Food, and the Microbiome; APC Microbiome Ireland, School of Microbiology, and Department of Medicine, University College Cork

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