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Dormir mal aumenta o risco de Alzheimer, diz estudo

Para quem já tem histórico familiar de Alzheimer, dormir melhor pode ajudar na prevenção da doença

Por Da Redação
7 jul 2017, 12h53

Aqueles que não conseguem ter uma boa noite de sono podem enfrentar riscos ainda maiores que a insônia. De acordo com uma nova pesquisa publicada no periódico científico Neurology, quem dorme mal pode ter o risco de Alzheimer aumentado. Cientistas da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, descobriram que pessoas com problemas para dormir apresentam mais marcadores biológicos para a doença no líquido cefalorraquidiano, um fluido amortecedor que circula entre o cérebro e a coluna vertebral, o que indica maior risco de desenvolver a doença no futuro.

 

Acúmulo de resíduos

Os marcadores da doença são compostos por moléculas residuais que, acumuladas, causam um tipo de desordem no cérebro. Segundo os pesquisadores, quando dormimos mal, nosso cérebro não consegue eliminar esses resíduos. “Estudos anteriores já mostraram que o sono pode influenciar o desenvolvimento ou a progressão do Alzheimer de várias maneiras”, disse Barbara Bendlin, professora na Universidade de Wisconsin, ao tabloide britânico Daily Mail. “O sono interrompido ou a falta de sono podem levar ao acúmulo de placa amiloide, pois o sistema de depuração do cérebro entra em ação durante o sono. Nosso estudo observou não só a amiloide, mas também outros marcadores biológicos no fluido espinhal.”

A amiloide é uma proteína que pode se multiplicar e formar placas, enquanto a proteína tau é uma proteína que pode formar emaranhados na região cerebral. Esses resíduos são encontrados no cérebro de pessoas com doença de Alzheimer e desempenham um papel significativo na deficiência da memória. “Para retardar ou prevenir a demência devido à doença de Alzheimer, é fundamental identificar fatores de risco modificáveis”, completou Barbara.

O estudo

Os pesquisadores recrutaram cerca de 100 pessoas, com uma idade média de 63 anos, que tinham habilidades normais de pensamento e memória, mas com probabilidade de desenvolver o Alzheimer devido ao histórico familiar ou por serem portadoras do gene apolipoproteína E (ApoE) – que aumenta o risco da doença. Elas foram questionados sobre a qualidade do sono e foram coletadas amostras dos fluidos espinhais de cada um para medir a presença dos marcadores biológicos.

Aquelas que relataram pior qualidade do sono apresentaram mair quantidade de marcadores biológicos no fluido espinhal – placas de amiloide, emaranhados da proteína tau e inflamação das células cerebrais – para a doença de Alzheimer do que as outras.

É preciso ponderar

Embora haja uma associação entre os problemas de sono e o Alzheimer, nem todas as condições afetam o risco de desenvolver a doença. Não houve relação, por exemplo, entre os marcadores biológicos no fluido espinhal e a apneia do sono, distúrbio caracterizado por problemas respiratórios e roncos ao dormir. “Nem todo mundo que tem problemas para dormir está destinado a desenvolver a doença”, explicou Barbara. “Observamos grupos de pessoas, e nesse grupo encontramos essa associação. Mas quando você olha para indivíduos, nem todos mostram esse padrão.”

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Sono como prevenção

No entanto, os pesquisadores acreditam que os resultados aumentam a evidência da relação entre a qualidade do sono e o Alzheimer. “Nossos achados demonstram que essa relação está presente no final da meia idade na ausência de comprometimento cognitivo”, disse Barbara. “O sono pode ser um fator de risco modificável para a doença de Alzheimer nos primeiros estágios da doença, antes que apareçam os sintomas.”

Ou seja, ao dormir melhor, é possível evitar a doença. De acordo com a professora, existem diversas formas de melhorar a qualidade do sono e reduzir o risco de ter Alzheimer no futuro, basta procurar ajuda médica. “Pode ser possível que a intervenção precoce para pessoas em risco de doença de Alzheimer previna ou retarde o aparecimento da doença.”

Uma limitação ao estudo foi que os problemas do sono foram auto-relatados pelos participantes. Segundo os pesquisadores, estudos futuros poderão acompanhar os voluntários a partir de exames, de modo que seus hábitos sejam monitorados.

Estudo inédito desvenda estrutura da proteína tau

Pela primeira vez, cientistas descobriram a estrutura da proteína tau a partir de imagens em alta resolução dos depósitos anormais, sinal característico do Alzheimer. Segundo os autores, a descoberta, que fornece aos cientistas um olhar sem precedentes sobre o funcionamento desses depósitos a nível molecular, poderia levar a novos tratamentos para prevenir sua formação e, consequentemente, combater as demências. “Esse é um tremendo passo adiante”, disse Bernardino Ghetti, da Universidade de Indiana, um dos pesquisadores.

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Rosa Sancho, chefe de pesquisa da Alzheimer’s Research UK, explica a importância dessa descoberta para o potencial desenvolvimento de novos medicamentos. “Drogas que poderiam limpar os feixes de proteína do cérebro são um objetivo chave para os pesquisadores, mas para afetar diretamente essas proteínas, as moléculas que compõem uma droga precisam se engatar à sua superfície. Conhecer a forma precisa dessas estruturas complexas de proteína é extremamente valioso para orientar o desenvolvimento de drogas específicas” disse.

No estudo, publicado recentemente na revista científica Nature, pesquisadores liderados pelo Laboratório de Biologia Molecular MRC no Reino Unido, extraíram filamentos da proteína tau do cérebro de uma paciente de 74 anos com diagnóstico confirmado de Alzheimer e criaram imagens a partir de uma técnica chamada microscopia cryo-electron (cryo-EM, na sigla em inglês).

Alzheimers
Imagem microscópica da estrutura de um filamento da proteína tau, uma das características da doença de Alzheimer. (LMB/Divulgação)

Segundo informações do site especializado Science Alert, em cérebros saudáveis, a tau funciona como um estabilizador, mas quando ela se torna deficiente, forma feixes de filamentos emaranhados que impedem a comunicação entre as células cerebrais, levando à neuro degeneração e redução da habilidade cognitiva, observadas em doenças como o Alzheimer.

 

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