Fórmula da felicidade? Estudo mostra que é possível aprender a ser feliz
Pesquisadores avaliaram cursos que trabalham o sentimento e constataram que resultados duradouros dependem de prática constante dos exercícios; entenda
Qual caminho leva um ser humano à felicidade? Há uma fórmula? Desde a combinação entre “hedonia” (prazer) e “eudaimonia” (uma vida bem vivida), definição do filósofo grego Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), às propostas mais atualizadas, que incluem o sentimento de propósito, a felicidade parece algo difuso e inatingível. Algo, talvez, momentâneo. Na busca por algo mais perene, pesquisadores têm conduzido cursos sobre a “ciência da felicidade”, que já apresentam resultados, mas levantam uma questão: “É possível aprender a ser feliz e assim se manter?”. Segundo um estudo inédito da Universidade de Bristol, no Reino Unido, a resposta é sim e a prática leva à satisfação.
Para o estudo, o grupo selecionou 905 estudantes que tinham participado do curso oferecido pela universidade, dos quais 228 aceitaram contribuir com respostas para um acompanhamento a longo prazo. Até o momento, análises científicas tinham se debruçado sobre os benefícios logo após a realização das aulas, mas os ensaios não apresentavam dados sobre o aprendizado e seus impactos posteriormente.
Nos cursos, os participantes são estimulados a ter hábitos para desenvolver a sensação de bem-estar e perpetuar a felicidade: gratidão, exercícios, meditação ou uso de diários. A proposta envolve ações que podem ser implementadas no dia a dia e que foram comprovadas por estudos revisados por pares nas áreas de psicologia e neurociência.
Segundo a pesquisa, publicada na revista Higher Education, foi registrada uma melhora de 10% a 15% na sensação geral de satisfação dos participantes. Dois anos depois, apenas os que mantiveram as estratégias continuaram experimentando a tal felicidade.
“É como ir à academia: não podemos esperar fazer uma aula e estar em forma para sempre. Tal qual acontece com a saúde física, temos que trabalhar continuamente na nossa saúde mental, caso contrário a melhora será temporária”, disse, em comunicado, Bruce Hood, o autor do estudo.
Para quem tem dúvidas sobre como esses hábitos trazem felicidade, Hood tem a explicação. “Inúmeros estudos demonstraram que sair da nossa cabeça ajuda a afastar-nos de ruminações negativas que podem ser a base de tantos problemas de saúde mental.”
Como ser feliz?
O estudo apontou que 51% dos estudantes mantiveram atividades como escrever cartas de gratidão para outras pessoas, meditação, exercício e prática da gentileza. Foi o grupo que mais se beneficiou do bem-estar mental em longo prazo.
“Este estudo mostra que apenas fazer um curso — seja na academia, seja em um retiro de meditação, seja em um curso de felicidade baseado em evidências como o nosso — é apenas o começo: você deve se comprometer a usar o que aprende regularmente”, afirmou o pesquisador.
Conclusões do curso Ciência da Felicidade
- Conversar com estranhos nos deixa mais felizes, apesar de a maioria de nós evitar tais encontros;
- A mídia social não é ruim para todos, mas pode ser ruim para aqueles que se concentram na sua reputação;
- A solidão afeta nossa saúde, prejudicando nosso sistema imunológico;
- O otimismo aumenta a expectativa de vida;
- Dar presentes a outras pessoas ativa os centros de recompensa em nosso cérebro — muitas vezes proporcionando mais felicidade do que gastar dinheiro consigo mesmo;
- A privação do sono afeta quanto somos apreciados pelos outros;
- Caminhar na natureza desativa parte do cérebro relacionada às ruminações negativas, que estão associadas à depressão;
- Bondade e felicidade estão correlacionadas