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Morte por álcool é 30% maior em populações negras, diz estudo

Nova análise de entidade brasileira referência no tema aponta vulnerabilidades em cenário de consumo nocivo; campanhas devem ser inclusivas

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 ago 2024, 15h29 - Publicado em 30 ago 2024, 14h00
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  • Nos últimos anos, pesquisadores da área de saúde ao redor do mundo têm concentrado esforços em entender desfechos negativos na população negra, historicamente à margem de políticas públicas e vítima de negligência em relação a sintomas considerados de alerta em outros grupos. Essa vulnerabilidade se mostra presente na nova análise do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), referência brasileira no tema, que apontou que o índice de mortes atribuíveis ao consumo de bebidas alcoólicas é 30% maior entre negros e pardos. o relatório foi lançado nesta sexta-feira, 30, como um alerta sobre as desigualdades no suporte a quem faz uso nocivo do álcool.

    O levantamento considerou dados referentes ao ano de 2022, retirados das bases de informação do Ministério da Saúde e do IBGE, que indicaram que a população negra teve taxa de 10,4 mortes totalmente atribuíveis ao álcool por 100 mil habitantes. Entre brancos, o índice foi de 7,9, 30% menor.

    No recorte por gênero, a situação é mais grave. A taxa de óbitos foi de 2,2 para mulheres pretas e 3,2 para pardas ante 1,4 entre as brancas. “Ao analisar os dados de mortes por uso de álcool no país, verifica-se que os impactos do uso nocivo dessa substância são desiguais para brancos, pretos e pardos, especialmente na população feminina”, resume, em comunicado, o psiquiatra e presidente do CISA, Arthur Guerra.

    Os achados não querem dizer que negros e pardos bebem mais. A análise considerou o marcador de consumo nocivo de bebidas alcoólicas e, assim, encontrou as disparidades. O que impacta essas populações é a desigualdade racial que leva ao acesso limitado a tratamentos.

    Doutora em sociologia e coordenadora do CISA, Mariana Thibes explica, em nota, os principais gargalos. “Pessoas pretas encontram-se em situação de maior vulnerabilidade social por diversos fatores, sobretudo o racismo e a pobreza, que dificultam o acesso a uma vida digna, de modo geral, impactando, por exemplo, o acesso a serviços de saúde de qualidade, que são fundamentais para tratar transtornos por uso de álcool.”

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    Necessidade de políticas voltadas aos mais vulneráveis

    Em um cenário de desigualdade que leva a perda de vidas, além de todas as consequências deletérias para a saúde física e mental de quem pratica abuso de álcool, é necessário o estabelecimento de políticas públicas voltadas a quem mais precisa.

    Assim, é importante aumentar a conscientização sobre o abuso de álcool e seus impactos na saúde da população preta e parda, bem como promover a inclusão e a diversidade nos serviços de saúde mental para garantir que todos tenham acesso igualitário a cuidados de qualidade.

    Para serem mais eficazes, campanhas sobre os danos causados pela dependência alcoólica devem considerar a realidade do público alvo. “É fundamental adotar uma abordagem interseccional e inclusiva, considerando as especificidades e necessidades dessas comunidades com estratégias que incluem representatividade e combate ao racismo e à discriminação”, diz Mariana.

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