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‘Ponto azul’ do cérebro: a chave para antecipar diagnóstico de Alzheimer?

Pesquisadores investigaram impactos das mudanças no pigmento do locus ceruleus para o envelhecimento saudável do cérebro e função cognitiva

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 26 Maio 2025, 19h21 - Publicado em 26 Maio 2025, 19h01

Uma pequena estrutura no tronco encefálico que chama atenção por sua coloração e seu nome diferente virou alvo de um novo estudo que busca alternativas para antecipar o diagnóstico da doença de Alzheimer, principal tipo de demência que afeta idosos. O locus ceruleus, também conhecido como “ponto azul” do cérebro, demonstrou em um estudo com 134 participantes de 19 a 86 anos que tem um papel fundamental para o envelhecimento saudável e atua como um marcador para detecção precoce da doença.

Pesquisadores da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, utilizaram um tipo específico de exame de ressonância magnética capaz de medir o pigmento responsável pela cor azulada da estrutura, a neuromelanina, e constataram mudanças ao longo da vida em pessoas saudáveis a partir dela. Nessas alterações, o grupo notou um pico na coloração no fim da meia-idade e um declínio drástico na sequência. Também ficou claro que ter o tom azul mais forte depois dos 60 anos tinha relação com melhor desempenho cognitivo. Os achados serão publicados na edição de junho do periódico Neurobiology of Aging.

O “ponto azul” está ligado a funções importantes para o ser humano, como atenção, memória, reserva e controle cognitivos, sono e vigília, por ter participação na produção de noradrenalina, neurotransmissor que atua nessas e em outras funções cerebrais, inclusive resposta ao estresse. Estudos mais antigos apontam que a região está relacionada com a manutenção da cognição e com o envelhecimento do cérebro.

“Pesquisas indicam que o locus ceruleus pode estar envolvido na reserva cerebral, um mecanismo que protege o cérebro contra processos degenerativos, como o Alzheimer. Estudos sugerem que essa região pode ser um dos primeiros locais onde ocorre a deposição da proteína tau, um dos marcadores da doença, ainda em suas fases iniciais”, explica o neurologista Norberto Frota, diretor científico da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz).

Diversidade dos participantes

Um ponto alto do estudo foi ter uma amostra populacional diversa, com 41% de participantes não brancos, o que permitiu observar picos mais altos entre negros, grupo mais suscetível ao Alzheimer, assim como as mulheres.

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Os dados sobre picos do pigmento são importantes porque não demonstram apenas melhor função cognitiva. Eles podem ajudar a embasar uma teoria que estuda a sobrecarga do “ponto azul”. Segundo ela, ao viver sob estresse constante e sobrecarregando o cérebro, o estado de alerta e foco se eleva, mas se desgasta com o passar do ano, levando a quadros de ansiedade e depressão, que são fatores de risco para o Alzheimer.

“Ao examinar a saúde do locus coeruleus e sua relação com os processos de envelhecimento cognitivo, esses dados podem revelar quando um indivíduo está em uma trajetória de envelhecimento saudável e ampliar nosso entendimento sobre por que certos grupos podem ter maior incidência de Alzheimer mais tarde na vida”, disse, em comunicado, Adam Anderson, professor do Departamento de Psicologia e da Faculdade de Ecologia Humana da universidade.

O locus ceruleus e o futuro do Alzheimer

Por enquanto, essas descobertas não têm efeito prático para pessoas que vivem com o Alzheimer, mas podem contribuir para futuras estratégias.

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“Ao aprofundar o conhecimento sobre a degeneração do locus ceruleus, os pesquisadores podem desenvolver estratégias para proteger essa região e minimizar os efeitos da doença. Isso pode incluir terapias que modulam a noradrenalina ou intervenções que retardam a deposição da proteína tau”, afirma Frota.

arte demência
(./.)

Essa compreensão é essencial também para fortalecer as recomendações de aplicar medidas que protegem a saúde cognitiva, assim como promover a conscientização sobre evitar os fatores de risco para a doença, como tabagismo, sedentarismo e obesidade.

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“Uma vez que a gente consiga estabelecer a relação entre esse ponto azul, a doença e o envelhecimento saudável, será possível intervir de forma mais precoce, oferecendo suporte cognitivo e terapias para retardar a progressão”, diz o neurocirurgião João Vitor Lima, especialista pela Universidade Federal de São Paulo.

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