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Por que ouvir música durante o treino reduz o cansaço 

Uma boa playlist também pode tornar o exercício mais prazeroso. A explicação é fisiológica

Por Da Redação
Atualizado em 28 ago 2018, 16h11 - Publicado em 28 ago 2018, 15h14
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  • Você é daquelas pessoas que não conseguem se exercitar sem uma playlist? De acordo com a ciência, essa atitude pode ser muito benéfica para o corpo. Novo estudo publicado no International Journal of Psychophysiology indica que ter uma trilha sonora durante o treino ajuda a ativar uma parte do cérebro responsável por retardar a sensação de fadiga causada pelo exercício físico intenso.

    Investigações anteriores já haviam apontado outros benefícios da música, como ser excelente fator motivante, além de melhorar o humor das pessoas. No entanto, os pesquisadores da Brunel University London, na Inglaterra, responsáveis pelo novo estudo, advertem que os indivíduos não devem usar a estimulação auditiva para enfrentar todas as tarefas cotidianas, pois a longo prazo isso pode prejudicar o funcionamento do corpo.

    Música e exercício

    Segundo Marcelo Bigliassi, principal autor da pesquisa, os efeitos da música no exercício vêm sendo investigados há mais de 100 anos, embora ainda haja muita coisa que a ciência não foi capaz de desvendar. Para tentar entender melhor como essa relação música-treino pode melhorar o desempenho físico, a equipe recrutou dezenove participantes (sete mulheres e doze homens) sem histórico de doenças graves.

    Durante dez minutos, cada participante realizou trinta séries de exercícios usando um anel de aperto para fortalecimento da mão; ao mesmo tempo, a atividade cerebral era monitorada através de um exame de ressonância magnética. Além disso, durante as séries, os cientistas tocaram I Heard It Through the Grapevine (1970), da banda de country rock americana Creedence Clearwater Revival.

    A equipe notou que, conforme a música tocava, ocorreram mudanças na atividade cerebral dos participantes: o contato com a música aumentou a frequência de pensamentos dissociativos (pensamentos não relacionados ao exercício), moderou os sinais relacionados à fadiga e tornou o exercício mais agradável do que sob condições de controle sem música.

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    Além disso, o giro frontal inferior esquerdo – parte do cérebro que processa informações de fontes externas e internas – foi ativado em resposta à música. Os pesquisadores acreditam que isso tenha acontecido por essa região estar associada ao processamento emocional. Através da observação dessa área do cérebro, eles ainda descobriram que, quanto mais ativa ela ficava, menos sensação de cansaço os participantes pareciam experimentar.

    Diante dos resultados, os pesquisadores esperam entender de que forma esse tipo de estimulação pode ajudar pessoas obesas ou com sobrepeso a não desistir dos programas de atividade física recomendados pelos profissionais de saúde.

    Nem tudo é música

    Segundo Bigliassi, os seres humanos estão constantemente tentando escapar da realidade e de todas as formas de desconforto físico e/ou dor, encontrando na música uma das válvulas de escape.

    No entanto, ainda que existam benefícios na manutenção de uma playlist cotidiana, ele alertou para o fato de que o uso constante e desnecessário da estimulação auditiva e visual pode reduzir a capacidade de processamento natural da fadiga. Por causa disso, o pesquisador orienta as pessoas, especialmente das gerações mais jovens, que permitam que o cérebro lide com as experiências ruins na ausência de música.

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