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Pular o café da manhã eleva risco de morte por doenças cardiovasculares

Não se alimentar de manhã interfere na saciedade e leva ao hábito de comer em excesso, o que pode levar a ganho de peso, obesidade e síndrome metabólica

Por Redação
Atualizado em 4 jun 2024, 16h12 - Publicado em 16 Maio 2019, 16h32

Muitas pessoas acreditam que o café da manhã é a refeição mais importante do dia. Segundo novo estudo, essa afirmação pode de fato estar correta. Isso porque pesquisadores descobriram que indivíduos que não se alimentam pela manhã apresentam risco 87% maior de morte relacionada a doenças cardiovasculares, especialmente acidente vascular cerebral (AVC). A justificativa: pular o café da manhã está associado a mudanças no apetite, o que diminui a saciedade e desencadeia o hábito de comer em excesso que, por sua vez, leva ao ganho de peso. Além disso, a falta da refeição eleva o risco de síndrome metabólica (ligada a doenças cardiovasculares), obesidade, colesterol alto, diabetes tipo 2 e hipertensão.

“O café da manhã é tradicionalmente considerado a refeição mais importante ou uma das mais relevantes do dia. Nossas descobertas mostraram consistentemente que pular esta refeição está relacionado a fortes fatores de risco para morte cardiovascular”, comentou Wei Bao, principal autor da pesquisa, à CNNA pesquisa, publicada recentemente no periódico Journal of American College of Cardiology, ainda definiu que não fazer a primeira refeição do dia é um marcador comportamental que indica hábitos de vida pouco saudáveis.

De acordo com a equipe, este é o primeiro estudo a avaliar o impacto do café da manhã no risco de morte por doenças cardiovasculares. Apesar disso, os cientistas esclareceram que os resultados representam apenas uma associação e não a causa dos riscos apresentados. Ou seja, mais pesquisas serão necessárias para determinar se a falta dessa refeição pode realmente reduzir a expectativa de vida e o motivo para que isso aconteça. 

O estudo

Os pesquisadores da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, analisaram dados de 6.550 pessoas, entre 40 e 75 anos, durante os anos de 1988 e 1994. Para a avaliação, os participantes precisaram definir qual eles consideravam o café da manhã e com que frequência eles faziam essa refeição. A análise mostrou que 59% tomavam café diariamente, 25% comiam de vez em quando, 10,9% raramente faziam a refeição e 5,1% nunca consumiam o café da manhã. 

O estado de saúde dos participantes foi acompanhada até 2011. Durante esse período, os pesquisadores notificaram 2.318 mortes – 619 por doença cardiovascular. Uma segunda análise relacionou a frequência do café da manhã, a mortalidade e se o óbito estava relacionada à saúde cardiovascularOs resultados mostraram que os participantes que não comiam pela manhã tinham maior risco de morte por doença cardíaca e vascular. Essas associações foram realizadas independente do nível socioeconômico, índice de massa corporal (IMC) e fatores de risco cardiovascular.

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Estudo de 2013, publicado na revista Circulation, já havia indicado que o café da manhã estava relacionado a riscos significativamente menores de doença coronariana em homens.

Críticas

Embora os novos achados sejam significativos, o estudo teve algumas limitações, como falta de informações sobre os tipos de alimentos e bebidas consumidos no café da manhã ou se os padrões de consumo mudaram entre 1994 e quando os dados de mortalidade foram coletados. Além disso, especialistas afirmam que o estudo não analisou se aqueles que pulavam o café da manhã também mantinham hábitos de vida insalubre, como tabagismo, má alimentação, alcoolismo, renda familiar mais baixa e sedentarismo.

Outro ponto destacado pelos críticos é de que os pesquisadores não consideraram que deixar de tomar café da manhã poderia estar ligado à prática do jejum intermitente – dieta que envolve realizar um ciclo de 12 a 16 horas sem comer e depois voltar a comer normalmente. Essa dieta tem como objetivo restringir a ingestão de calorias e já foi associada a redução de risco de obesidade, diabetes, câncer e doença hepática gordurosa não alcoólica (acúmulo de gordura no fígado em pessoas que não bebem ou bebem pouco).
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