As diversas formas de demência são um dos principais fatores que afetam a qualidade de vida em pessoas idosas. Por esse motivo, entender o funcionamento da memória e da cognição é importante passo para evitar essa condição. Um estudo divulgado nesta quarta-feira, 3, fez mais um avanço nessa área ao investigar a relação do sono com a saúde neurológica.
De acordo com o trabalho publicado no periódico científico Neurology, pessoas com idades em torno de 30 e 40 anos que têm um sono de má qualidade têm uma maior propensão de desenvolver problemas cognitivos e de memória uma década depois.
Como o estudo foi feito?
No total, 526 pessoas foram observadas ao longo de 11 anos. Para fazer essa investigação, os pesquisadores avaliaram a qualidade do sono dos indivíduos com uma idade média de 40 anos, utilizando um monitor de pulso semelhante a um relógio inteligente. O exame foi feito duas vezes, uma no início do estudo e outra cerca de um ano depois, além disso eles foram orientados a manter um diário de sono, a preencher formulários de avaliação das noites dormidas e a realizar testes cognitivos e de memória.
O que a pesquisa mostrou foi que a chance de desenvolver mau desempenho cognitivo foi duas vezes superior nos indivíduos com uma pior qualidade de sono do que nos que dormiam melhor. Das 175 pessoas que dormiam mal, 44 tiveram um desempenho cognitivo fraco 10 anos depois, em comparação com 10 das 176 pessoas com o sono menos perturbado.
Curiosamente, o tempo de sono não apresentou relação com o desempenho nos testes cognitivos, sugerindo que a qualidade é mais importante que a quantidade, nesses casos. Embora a correlação seja vista, os pesquisadores ainda não avaliaram se há uma causalidade entre os dois fatores analisados.
“Mais pesquisas são necessárias para avaliar a ligação entre os distúrbios do sono e a cognição em diferentes fases da vida e para identificar se existem períodos críticos em que o sono está mais fortemente associado à cognição”, disse a autora do estudo, Yue Leng, em comunicado. “Estudos futuros poderão abrir novas oportunidades para a prevenção da doença de Alzheimer mais tarde na vida.”