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Haddad diz que dólar encerrou ano “muito forte em todo o mundo” e elogia intervenções do Banco Central

Para Haddad, intervenções do Banco Central ajudaram a dar liquidez ao mercado, enquanto operadores digeriam as medidas fiscais

Por Márcio Juliboni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 dez 2024, 18h45 - Publicado em 30 dez 2024, 18h36

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o dólar terminou o ano de 2024 “muito forte no mundo todo”. A declaração foi dada a jornalistas nesta segunda-feira 30, quando perguntado sobre a disparada da moeda americana, que fechou o ano em 6,18 reais, com alta acumulada de 27% sobre o real.

A avaliação é compartilhada por analistas de mercado, que lembram que o Índice DXY, que representa a variação do dólar frente a uma cesta de moedas, encerrará 2024 com uma alta de mais de 6%. A cesta é composta por seis moedas: euro (União Europeia), iene (Japão), libra esterlina (Reino Unido), dólar canadense, franco suíço e coroa sueca.

Haddad lembrou que o Brasil adota o regime de câmbio flutuante, mas elogiou a recente atuação do Banco Central no mercado de câmbio. Segundo o ministro, as intervenções foram “corretas” e visaram “dar liquidez para quem eventualmente estava fazendo remessa [de dólares para o exterior]”. O ministro acrescentou que as intervenções também permitiram que o mercado tivesse tempo de processar “as informações a respeito das medidas fiscais.”

O BC começou a intervir no mercado de câmbio em 12 de dezembro. A última ação ocorreu nesta segunda-feira 30, quando a instituição vendeu mais 1,81 bilhão de dólares no mercado à vista, também chamado de spot. No total, entre o mercado spot e os leilões de linha, com compromisso de recompra, o BC já injetou mais de 30 bilhões de dólares no mercado.

Como se sabe, a disparada do dólar foi causada por fatores internos e externos. No exterior, apesar do tão esperado início do ciclo de corte de juros nos Estados Unidos pelo Federal Reserve em setembro, o fato é que, para os padrões americanos, a taxa básica de juros ainda está historicamente alta. Em 18 de dezembro, o Fed cortou os juros em 0,25 ponto percentual, baixando-os para a faixa de 4,25%  a 4,5% ao ano. Foi o terceiro corte consecutivo, mas os investidores internacionais seguem olhando para os títulos americanos como os mais seguros do mundo – e com o atrativo adicional de um bom rendimento devido aos juros ofertados por lá.

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Isso, por si só, não deveria levar tantos estrangeiros a reduzir ou zerar seus investimentos no Brasil para aplicar nos Estados Unidos, já que, ao contrário do Fed, o Banco Central brasileiro iniciou uma nova rodada de aumentos da taxa Selic. Na última reunião do ano, também em dezembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou o ritmo da alta para 1 ponto percentual, elevando a Selic para 12,25% ao ano. Além disso, prometeu mais dois aumentos da mesma magnitude no início de 2025, caso a inflação insista em não convergir para a meta. Com isso, a Selic pode terminar março em 14,25%.

Seria o suficiente para reter parte dos investidores estrangeiro aqui, mas a desconfiança em relação à política fiscal do governo Lula joga contra. Desde que assumiu seu terceiro mandato em janeiro de 2023, Lula viu a dívida bruta saltar de 72% para quase 78% do produto interno bruto (PIB), na esteira do descontrole das contas públicas.

Cobrado pelos agentes financeiros a conter os gastos, a equipe econômica liderada por Haddad e por Simone Tebet, ministra do Planejamento, propôs um pacote de ajuste fiscal que pretendia cortar gastos e fazer com que a dívida cresça no ritmo determinado pelo arcabouço fiscal – um crescimento real de até 2,5% ao ano. Os sinais de que Lula e a ala política do governo não estão comprometidos com o ajuste fiscal foram o principal combustível para a alta do dólar, segundo os analistas de mercado.

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Após semanas de espera, o pacote foi anunciado em 27 de novembro por Haddad num pronunciamento em rede nacional de rádio e TV. Na ocasião, o ministro afirmou que as medidas representariam uma economia de 70 bilhões de reais. O que era para ser o grande trunfo do governo para acalmar o mercado e conter o dólar se transformou, porém, em mais dor de cabeça, já que, junto com os cortes propostos, Haddad anunciou também a intenção de isentar de Imposto de Renda quem ganha até cinco salários mínimos.

 

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