Já pensou andar em uma feira e encontrar o chef Alex Atala pelos corredores? Ou passar por alguma barraca de frutas ou verduras e dar de cara com os jurados do MasterChef Brasil, Henrique Fogaça, Rodrigo Oliveira ou Erick Jacquin? Encontros possíveis de acontecer em um dos vários pavilhões da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), maior entreposto de alimentos da América Latina, frequentado por diversos chefs de cozinha, dos mais badalados aos pequenos comerciantes, e que, nesta quinta-feira 1, comemora 54 anos de existência.
Criada em 1969, a imensa feira localizada em uma área de 60 mil metros quadrados do bairro da Vila Leopoldina, em São Paulo, abriga mais de 4 mil licenciados com instalações que vendem todos os tipos de alimentos. Por lá, passam diariamente cerca de 60 mil pessoas e 12 mil veículos, em busca não apenas das compras de produtos, mas também da descoberta de novos sabores e até de experiências gastronômicas. “O que mais atrai o público é a enorme diversidade de alimentos frescos e de boa qualidade”, afirma o presidente da Ceagesp, Jamil Yatim.
Exatamente por isso, mesmo sendo um órgão público, é um dos points favoritos de renomados profissionais da cozinha como Paulo Shin, do Komah; Marco Aurélio Sena, do Tantin; e Enrique Paredes, do Amazo, dono de uma estrela Michelin, além de manter um público fiel, que não raramente vai até a feira atrás de produtos e hortifrútis importados e exóticos. “Não tem uma fruta ou um legume que não encontre aqui”, pontua Yatim.
Um capítulo à parte da Ceagesp é a feira atacadista de pescado onde são comercializadas, em média, 200 toneladas de peixes e crustáceos de 97 espécies por dia. “Na semana passada, recebemos um atum de 260 quilos, vindo da Espanha. Custa R$ 200,00 o quilo, e já chegou vendido para os restaurantes”, conta o presidente da Ceagesp. “A maioria dos peixes que consumimos são de cativeiro, mas aqui chegam os nativos, de água salgada”.
Outra parte da feira muito disputada é a área das flores. Com uma enorme variedade de plantas ornamentais, centenas de flores de todos os tipos e mudas de temperos, é comum encontrar por lá desde amantes de jardinagem até organizadores de festas, eventos e casamentos. “A Ceagesp é uma referência não só para os paulistanos, como para pessoas de todos os cantos. É algo fabuloso”, comenta Yatim. “No último dia das mães tinha tanta gente que parecia saída de estádio de futebol”.
Nesta quinta, uma multidão, porém, é esperada para comemorar o aniversário da Ceagesp, em um evento aberto ao público que contará com uma paelha de 800kg, feita em uma panela com 3,5 metros de diâmetro, que estará nos pavilhões e será servida a convidados na Cia das Sopas, de Jair Legnaioli, responsável também pelos festivais de sopas e frutos do mar que acontecem duas vezes por ano na feira.
Banco de Alimentos
Além dos 54 anos, a Ceagesp também comemora algumas conquistas no lado social. Uma delas é o banco de alimentos da feira. “Estamos conseguindo diminuir consideravelmente a questão do desperdício fazendo com que a comida não vá para o descarte, mas sim chegue à mesa de quem precisa”, diz Lilian Uyema, chefe da sustentabilidade da Ceagesp. Ou seja, todos os alimentos que por algum motivo perderam o valor comercial, como beterrabas e cenouras muito grandes, ou que já estão amadurecendo e, portanto, não tem tempo de serem distribuídas, mas estão boas para o consumo, são doadas imediatamente para 210 instituições e ONGs cadastradas. “A banana é um bom exemplo. Quando ela começa a ficar amarela e não terá tempo de chegar até o consumidor final, mas ainda é boa para o consumo em três, quatro dias, é doada para o banco de alimentos, que tem em um escoamento muito rápido”, explica a engenheira de alimentos Fabiane Mendes da Câmara. “É sempre comida boa”.
A instituição também mantém um projeto interno intitulado “Nossa Turma”, em que 160 crianças são atendidas diariamente em um espaço cedido pela Ceagesp. “Elas tomam café da manhã, almoçam, tomam café da tarde e jantam. Funciona como uma creche com uma cozinha controlada, acompanhada por uma nutricionista. Em troca, essas crianças devem estar matriculadas na escola”, reforça Lilian. “Ajudamos muita gente e temos orgulho disso”, finaliza.