Um estudo publicado no periódico científico Journal of the American College of Cardiology demonstrou que a exposição a metais provenientes da poluição ambiental pode elevar significativamente o risco de aterosclerose, condição que envolve a obstrução das artérias. A pesquisa, conduzida por cientistas da Universidade Colúmbia, nos Estados Unidos, acompanhou dados de mais de 6.400 adultos por 10 anos, revelando uma relação direta entre a presença de metais como cádmio, tungstênio e urânio no organismo e o acúmulo de cálcio nas artérias do coração, um marcador para o desenvolvimento de doenças e ataques cardíacos.
Metais como fator de risco cardiovascular
Embora já se soubesse que a poluição do ar e outros fatores ambientais afetam a saúde cardiovascular, o novo estudo trouxe novas informações sobre como metais específicos, diluídos na atmosfera, na água e no solo contaminados, podem agravar o risco de doenças cardiovasculares.
Metais não essenciais ao corpo humano, como o cádmio e o tungstênio (metal usado em lâmpadas, ferramentas de corte e equipamentos eletrônicos), mostraram uma correlação significativa com o aumento da calcificação arterial, processo que eleva a propensão a obstruções.
Em pessoas com altos níveis de cádmio (metal pesado frequentemente encontrado em baterias, tintas e fertilizantes e cigarro) na urina, o acúmulo de cálcio nas artérias foi 75% maior ao longo da década observada, em comparação com aquelas com níveis mais baixos deste metal.
O estudo também avaliou a presença de metais essenciais, como o cobre e o zinco, mas os resultados foram menos conclusivos para esses elementos, com algumas evidências de que níveis elevados de cobre, por exemplo, podem até ter um efeito protetor em alguns casos, ao reduzir a calcificação em certos grupos.
Impacto da exposição prolongada
Os resultados indicam que a exposição prolongada a esses metais, especialmente em áreas urbanas com alta poluição, pode ser um fator crucial na progressão da aterosclerose – o nome técnico do processo de entupimento dos vasos. E a calcificação das artérias do coração é um indicador clínico importante, pois está diretamente associada ao risco de condições cardíacas, como infartos e derrames.
O estudo sugere que a presença desses metais no corpo pode contribuir para inflamação crônica, estresse oxidativo e disfunção endotelial, mecanismos que aceleram o processo de endurecimento arterial.
A pesquisa se baseou em amostras de urina coletadas de adultos sem histórico de doenças cardiovasculares no início do estudo. Esses participantes foram monitorados ao longo de várias avaliações clínicas, nas quais foram medidos os níveis de calcificação arterial através de tomografias computadorizadas.
Outro dado importante levantado pelo estudo é que certas populações parecem estar mais expostas a esses metais, como idosos, fumantes e pessoas de origem chinesa, que apresentaram níveis mais altos de metais como o tungstênio e o urânio. Além disso, moradores de cidades como Los Angeles, uma das áreas avaliadas, tiveram níveis particularmente elevados desses contaminantes.
Os autores da pesquisa ressaltam a necessidade de políticas públicas focadas na redução da poluição por metais pesados, especialmente em áreas urbanas e industriais. Para indivíduos, recomenda-se limitar a exposição a essas substâncias por meio de hábitos como evitar o fumo, utilizar filtros de água e adotar uma dieta rica em vitaminas, que ajudem a proteger o organismo contra a toxicidade de metais.