Saiba o que torna a região do Alto Maipo tão especial para os vinhos tintos chilenos
É no sopé da Cordilheira dos Andes que rótulos de alta gama, como o Intriga Máxima, produzido pela MontGras, são elaborados com a uva Cabernet Sauvignon
É na região do Alto Maipo, aos pés da Cordilheira dos Andes, que são produzidas as melhores uvas Cabernet Sauvignon do Chile. É no terroir de Puente Alto, ao sul da capital, Santiago, que alguns dos principais rótulos do país são feitos. É o caso de Almaviva, Don Melchor e Viñedo Chadwick, entre outros. Ao lado de Puente Alto, a pequena região de Linderos dá origem a outro rótulo de alta gama e potencial semelhante a seus concorrentes famosos, mas ainda pouco popular por aqui. Trata-se do Intriga Máxima, da vinícola MontGras, cuja primeira safra foi feita há exatos dez anos. A mais recente, 2021, chega ao mercado brasileiro em outubro.
A qualidade dos vinhos da região é explicado em boa parte pelas características climáticas locais. Há uma grande variação de temperatura, de até 20°C no mesmo dia, o que é ótimo para a viticultura. Há calor suficiente para amadurecer a uva, e frio suficiente para preservar acidez. Além do clima mediterrâneo, os solos aluviais têm pouca matéria orgânica (o que é ótimo para a produção de grandes vinhos) e boa drenagem, o que garante água para as videiras mesmo nos períodos mais secos. A idade dos vinhedos é outro fator determinante. “As vinhas têm mais ou menos 85 anos. São a sexta geração das plantas originais trazidas diretamente de Bordeaux, na França”, afirma Adolfo Hurtado, CEO e enólogo da MontGras, em visita ao Brasil.
No início, o Intriga Máxima era elaborado de acordo com as tendências da época. Ou seja, passagens mais longas por barricas de madeira e menor frescor. Degustado hoje, o rótulo da primeira safra, 2014, é prova de um estilo clássico de vinificação, potente, mas elegante. Está em ótimo momento para ser apreciado. Com o passar do tempo, no entanto, Hurtado conta que outras técnicas passaram a ser buscadas. “Temos que acompanhar as tendências do mercado e até da culinária”, afirma. “Há 10 anos, por exemplo, não havia a quantidade de restaurantes japoneses que temos hoje. Isso muda o mercado, e temos que acompanhar essa movimentação”. Além disso, o vinho, antes 100% Cabernet Sauvignon, passou a receber pequenas quantidades de outras uvas, como Petit Verdot e Cabernet Franc.
Prova dessa mudança é percebida na safra 2020. Com menos madeira, o vinho mostra mais fruta e muito frescor, com acidez alta e taninos finos. Essa metodologia de produção se reflete também na safra 2021, a mais recente, que começará a ser vendida por aqui no mês que vem. Tem boa fruta e ótimo frescor. Pode ser degustado agora, claro, mas ganhará mais complexidade com alguns anos.
Além do Intriga Máxima, a MontGras têm um portfólio variado que inclui linhas mais clássicas, como a Day One, focada em monovarietais clássicos da viticultura chilena, como Carmenere, Cabernet Sauvignon, Sauvignon Blanc e Chardonnay, e os blends da série Quatro. Há espaço para experimentações, como a interessante linha Handcrafted, em que cada enólogo do time pode elaborar um rótulo com alguma variedade pouco comum no país. Há rótulos de Riesling, Cinsault, Garnacha, Petit Verdot e outros.
A distribuição por aqui é descentralizada. Em São Paulo, os rótulos são importados pela Bruck. Em Santa Catarina e no Paraná, podem ser encontrados na rede de supermercados Angeloni. Em Belo Horizonte, o parceiro é a rede Super Nosso. Em Recife e Alagoas, é o mercado Palato. A vinícola está em busca de parceiros para as outras regiões. O Intriga Máxima é vendido a cerca de R$ 600.