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4 em cada 10 brasileiras desconhecem fatores de prevenção para o câncer de mama

Levantamento mostra que há dificuldades em distinguir mitos e verdades sobre a doença, principalmente entre mulheres de baixa renda e menor escolaridade

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 16 out 2024, 15h30

Cerca de 40% das brasileiras não conhecem fatores que podem fazer a diferença na prevenção do câncer de mama, segundo pesquisa realizada pelo A.C. Camargo Cancer Center, em parceria com a Nexus, empresa de inteligência de dados. Os dados mostram que, embora seis em cada dez entrevistadas afirmem saber como prevenir o câncer de mama, ainda há muita desinformação sobre o tema, além do medo gerado pelo estigma de um diagnóstico como esse, o que impede ações mais eficazes de prevenção.

O levantamento foi realizado com 1 036 mulheres de 16 a 60 anos, com diferentes níveis de escolaridade e renda, de todas as regiões do Brasil. Além da lacuna de conhecimento sobre prevenção, ele destaca outros pontos importantes: 59% das mulheres já realizaram o autoexame de toque e 53% já passaram por uma mamografia.

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Entre as que nunca realizaram esses exames, 25% estão na faixa etária de maior risco, ou seja, acima dos 40 anos. Entidades como a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) indicam o rastreamento anual do câncer de mama, especialmente por meio da mamografia, a partir dessa idade. O Ministério da Saúde, por sua vez, orienta a realização do exame dos 50 anos em diante.

Incidência do câncer de mama no Brasil

O Instituto Nacional de Câncer (INCA) aponta que o câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres brasileiras, excluídos os casos de câncer de pele não melanoma. Para cada ano do triênio 2023-2025, estima-se que o Brasil terá cerca de 73.610 novos casos de câncer de mama, com uma taxa ajustada de 41,89 casos por 100 mil mulheres​. As regiões Sul e Sudeste apresentam as maiores taxas de incidência.

Além disso, o câncer de mama também é a principal causa de morte por câncer entre mulheres no Brasil. Em 2021, a taxa de mortalidade ajustada foi de 11,71 óbitos por 100 mil mulheres. As regiões Sudeste e Sul lideram as estatísticas com as maiores taxas de mortalidade: 12,43 e 12,69 óbitos por 100 mil mulheres, respectivamente​.

Mitos e verdades: dificuldades em diferenciar

A pesquisa do A.C.Camargo e da Nexus revela as dificuldades das entrevistadas em discernir mitos e verdades sobre a prevenção e os fatores de risco do câncer de mama.

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No estudo, foram apresentadas quatro afirmações às participantes, e suas respostas (concordando ou não com elas) mostraram que muitas mulheres convivem com informações equivocadas.

  • Amamentação reduz o risco de câncer de mama: Apenas 47% das entrevistadas acertaram essa questão, reconhecendo que amamentar ajuda a diminuir as chances de desenvolver a doença. Entre as que não sabem ler ou escrever, 57% concordaram corretamente com a afirmação. No entanto, entre as mulheres com ensino superior, apenas 46% sabiam da relação entre amamentação e menor risco de câncer de mama. Segundo o INCA, o ato de amamentar promove a renovação celular, o que pode ajudar a prevenir mutações que levariam ao câncer​.

 

  • Reposição hormonal e câncer de mama: Menos da metade das entrevistadas (42%) soube dizer que a reposição hormonal pode aumentar o risco de desenvolver câncer de mama. Entre as mulheres sem instrução, 51% acertaram, enquanto entre aquelas com ensino médio e superior os percentuais de acerto foram de 39% e 32%, respectivamente. “É importante lembrar que esse risco aumenta quando a reposição é feita por mais de cinco anos”, disse a mastologista Fabiana Makdissi, líder do Centro de Referência em Tumores de Mama do A.C. Camargo Cancer Center. “Mulheres que já tiveram câncer de mama não devem realizar reposição hormonal“, completou​.

 

  • Prótese de silicone e câncer de mama: Quando perguntadas se colocar silicone aumentaria as chances de ter câncer de mama, 43% das entrevistadas sabiam que a resposta correta era “não”. Entre as mulheres com ensino superior, 61% acertaram, ante 27% daquelas com ensino fundamental. “Embora haja uma preocupação relacionada ao linfoma anaplásico de grandes células, um tipo raro de câncer, ele não pode ser generalizado como um risco maior para todas as pacientes com prótese de silicone“, esclarece Makdissi​.
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  • Autoexame e prevenção: A maioria das entrevistadas (58%) soube identificar corretamente que fazer o autoexame de toque não previne o câncer de mama, mas pode ajudar no diagnóstico precoce. No entanto, entre as mulheres sem escolaridade, apenas 39% reconheceram a frase como falsa, enquanto 72% das que têm ensino superior sabiam a resposta correta. “O autoexame ajuda a identificar alterações na mama, mas não impede que a doença se desenvolva”, reforça a especialista​. Tampouco exclui a necessidade de se fazer exames como a mamografia.

Disparidades regionais e socioeconômicas

A pesquisa também reforça a existência de disparidades regionais e socioeconômicas no acesso a exames e na prevenção do câncer de mama. Segundo o INCA, as regiões Norte e Nordeste apresentam as menores taxas de realização de mamografias e de autoexame​.

Mulheres com menor renda e baixa escolaridade têm menos acesso a exames preventivos e, consequentemente, são mais vulneráveis ao diagnóstico tardio da doença. Na região Norte, por exemplo, apenas 24,99 mulheres a cada 100 mil foram diagnosticadas com câncer de mama, um reflexo de menos acesso a exames de rotina e diagnóstico precoce​.

Ainda de acordo com o INCA, em 2022, foram realizadas 4,23 milhões de mamografias pelo SUS, sendo 3,85 milhões com o objetivo de rastreamento. O desafio agora é aumentar a cobertura desses exames, especialmente entre as mulheres da faixa etária recomendada, entre 50 e 69 anos, onde o rastreamento pode reduzir a mortalidade​.

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